Ortogonalidade

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Ângulo e Ortogonalidade

Sejam uuvv dois elementos não nulos de um espaço vetorial com produto interno VV. Pela desigualdade de Cauchy-Schwarz temos que:

|u,v|uv\left| \langle u,v \rangle \right| \leq \left\| u \right\| \left\| v \right\|
Elevando ao quadrado em ambos os lados obtemos:

u,v2u2v2[u,vuv]21\langle u,v \rangle^2 \leq \left\| u \right\|^2 \left\| v \right\|^2 \Leftrightarrow \left[ \frac{\langle u,v \rangle}{\left\| u \right\| \left\| v \right\|}\right]^2 \leq 1
De onde obtemos que:

-1u,vuv1-1 \leq \frac{\langle u,v \rangle}{\left\| u \right\| \left\| v \right\|} \leq 1
Portanto, existe um único ângulo θ\theta tal que

cos(θ)=u,vuv\cos(\theta) = \frac{\langle u,v \rangle}{\left\| u \right\| \left\| v \right\|}
com 0θπ0 \leq \theta \leq \pi, uma vez que se θ\theta é o ângulo cuja medida em radianos varia de 0 a π\pi, então cos(θ)\cos(\theta) assume cada valor no intervalo [-1,1][-1,1] uma única vez.


Definição: Seja VV um espaço vetorial com produto interno. O ângulo entre dois elementos não nulos u,vVu, v \in V é definido como sendo o único valor θ\theta que satisfaz a equação:

cos(θ)=u,vuv\cos(\theta) = \frac{\langle u,v \rangle}{\left\| u \right\| \left\| v \right\|}
com 0θπ0 \leq \theta \leq \pi.


Definição: Seja VV um espaço vetorial com produto interno. Dizemos que dois elementos u,vVu,v \in V são ortogonais se, e somente se, u,v=0\langle u,v \rangle = 0. Observe que:

u,v=0cos(θ)=u,vuv=0θ=π2\langle u,v \rangle = 0 \Leftrightarrow \cos(\theta) = \frac{\langle u,v \rangle}{\left\| u \right\| \left\| v \right\|} = 0 \Leftrightarrow \theta = \frac{\pi}{2}
para 0θπ0 \leq \theta \leq \pi, mostrando que dois elementos u,vVu, v \in V são ortogonais se, e somente se, o ângulo entre eles tem medida π2\frac{\pi}{2}.


Exemplo 1: Considere os elementos u=(2,2)u = (2,2)v=(2,-2)v = (2,-2) do R2R^2 com produto interno Euclidiano. Temos que:

u,v=(2)(2)+(2)(-2)=4-4=0\langle u,v \rangle = (2)(2) + (2)(-2) = 4 - 4 = 0
Portanto, os elementos uuvv são ortogonais em R2R^2 com relação ao produto interno Euclidiano.

ex1_orto
Figura 1: os vetores u e v são ortogonais.


Observe que a ortogonalidade depende do produto interno. Dois vetores podem ser ortogonais em relação a um produto interno mas não a outro.


Definição: Um conjunto de elementos em um espaço vetorial com produto interno é dito um conjunto ortogonal se quaisquer dois elementos desse conjunto são ortogonais. Um conjunto ortogonal no qual cada elemento tem norma igual a 1 é dito um conjunto ortonormal.


Exemplo 2: Considere u1=(1,0,0),u2=(0,2,1)u_1 = (1, 0, 0), u_2 = (0, 2, 1)u3=(0,1,-2)u_3 = (0, 1, -2) elementos do espaço vetorial R3R^3 com produto interno Euclidiano. Temos que:

u1,u2=(1)(0)+(0)(2)+(0)(1)=0\langle u_1, u_2\rangle = (1)(0) + (0)(2) + (0)(1) = 0
u1,u3=(1)(0)+(0)(1)+(0)(-2)=0\langle u_1, u_3\rangle = (1)(0) + (0)(1) + (0)(-2) = 0
u2,u3=(0)(0)+(2)(1)+(1)(-2)=0\langle u_2, u_3\rangle = (0)(0) + (2)(1) + (1)(-2) = 0
Portanto, o conjunto S={u1,u2,u3}S = \left\lbrace u_1, u_2, u_3 \right\rbrace é ortogonal com relação ao produto interno Euclidiano.


Normalização: Se vv é um elemento não nulo de um espaço vetorial com produto interno, então pelas propriedades da norma temos que:

vv=1vv=|1v|v=1vv=1\left\| \frac{v}{\left\| v \right\|} \right\| = \left\| \frac{1}{\left\| v \right\|} v\right\| = \left|\frac{1}{\left\| v \right\|} \right| \left\| v\right\| = \frac{1}{\left\| v \right\|} \left\| v\right\| = 1
Isto é, sempre que dividimos um elemento não nulo pela sua norma obtemos um outro vetor cuja norma é 1. Esse processo é denominado normalização. Um conjunto ortogonal de elementos não nulos pode sempre ser convertido em um conjunto ortonormal normalizando cada um de seus elementos.


Exemplo 3: Considere u1=(1,0,0),u2=(0,2,1)u_1 = (1, 0, 0), u_2 = (0, 2, 1)u3=(0,1,-2)u_3 = (0, 1, -2) elementos do espaço vetorial R3R^3 com produto interno Euclidiano. Como vimos no exemplo anterior, o conjunto S={u1,u2,u3}S = \left\lbrace u_1, u_2, u_3\right\rbrace é ortogonal. As normas euclidianas dos elementos de SS são:

u12=1,u22=5eu32=5\left\| u_1 \right\|_2 = 1, \;\;\;\; \left\| u_2 \right\|_2 = \sqrt{5} \;\;\; e \;\;\; \left\| u_3 \right\|_2 = \sqrt{5}
Normalizando os elementos u1,u2u_1, u_2u3u_3 obtemos:

v1=u1u12=(1,0,0)v_1 = \frac{u_1}{\left\| u_1 \right\|_2} = (1,0,0)
v2=u2u22=15(0,2,1)=(0,25,15)v_2 = \frac{u_2}{\left\| u_2 \right\|_2} = \frac{1}{\sqrt{5}}(0,2,1) = \left( 0,\frac{2}{\sqrt{5}}, \frac{1}{\sqrt{5}} \right)
v3=u3u32=15(0,1,-2)=(0,15,-25)v_3 = \frac{u_3}{\left\| u_3 \right\|_2} = \frac{1}{\sqrt{5}}(0,1,-2) = \left( 0,\frac{1}{\sqrt{5}},-\frac{2}{\sqrt{5}} \right)
Observe que os elementos v1,v2v_1, v_2v3v_3 têm norma euclidiana igual a 1 e são ortogonais entre si. Portanto, o conjunto S¯={v1,v2,v3}\bar{S} = \left\lbrace v_1, v_2, v_3 \right\rbrace é ortonormal.


Teorema 1: Se S={v1,v2,...,vn}S = \left\lbrace v_1, v_2, ..., v_n \right\rbrace é um conjunto ortogonal de elementos não nulos de um espaço vetorial com produto interno, então SS é linearmente independente.


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Bases Ortogonais

Definição: Seja VV um espaço vetorial com produto interno. Uma base de VV consistindo de elementos ortogonais é denominada base ortogonal e uma base consistindo de elementos ortonormais é denominada base ortonormal.


Exemplo 4: A base canônica C={i,j,k}C = \left\lbrace i,j,k \right\rbrace do R3R^3 com o produto interno Euclidiano, sendo:

i=(1,0,0),j=(0,1,0),k=(0,0,1)i = (1,0,0), \;\;\; j = (0,1,0), \;\;\; k = (0,0,1)
é uma base ortonormal. De fato, os vetores i,ji, jkk têm norma euclidiana igual a 1 e são ortogonais entre si. Em geral, no RnR^n com produto interno Euclidiano a base canônica é ortonormal.


Teorema 2: Sejam VV um espaço vetorial de dimensão finita com produto interno, B={v1,v2,...,vn}B = \left\lbrace v_1, v_2, ..., v_n\right\rbrace uma base ortogonal de VVuu um elemento qualquer de VV. Então, podemos escrever o elemento uu de modo único da forma:

u=u,v1v1,v1v1+u,v2v2,v2v2+...+u,vnvn,vnvnu = \frac{\langle u, v_1\rangle}{\langle v_1, v_1\rangle} v_1 + \frac{\langle u, v_2\rangle}{\langle v_2, v_2\rangle} v_2 + ... + \frac{\langle u, v_n\rangle}{\langle v_n, v_n\rangle} v_n
No caso em que B é uma base ortonormal, temos vi,vi=vi2=1\langle v_i, v_i\rangle = \left\| v_i\right\|^2 = 1 e assim, cada elemento uVu \in V pode ser escrito de modo único da forma:

u=u,v1v1+u,v2v2+...+u,vnvnu = \langle u, v_1\rangle v_1 + \langle u, v_2\rangle v_2 + ... + \langle u, v_n\rangle v_n
[u]B=(u,v1,u,v2,...,u,vn)[u]_B = \left( \langle u, v_1\rangle, \langle u, v_2\rangle, ..., \langle u, v_n\rangle \right) é o vetor de coordenadas de uu em relação a base ortonormal B.


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Matrizes Ortogonais

Definição: Uma matriz QRn×RnQ \in R^n \times R^n inversível é denominada matriz ortogonal se:

Q-1=QtQ^{-1} = Q^t
Dessa definição segue que QQ é ortogonal se, e somente se: QQt=QtQ=InQQ^t = Q^tQ = I_n.


Teorema 3: Se A:n×nA:n\times nB:n×nB:n \times n são matrizes ortogonais, então valem as seguintes propriedades:

(a) A-1A^{-1} é ortogonal.
(b) ABAB é ortogonal.
(c) det(A)=±1det(A) = \pm 1.


Teorema 4: Seja A:n×nA: n \times n uma matriz. As seguintes afirmações são equivalentes:

(a) AA é ortogonal;
(b) Os vetores linha de AA formam um conjunto ortonormal do RnR^n em relação ao produto interno Euclidiano;
(c) Os vetores coluna de AA formam um conjunto ortonormal do RnR^n em relação ao produto interno Euclidiano.


Teorema 5: Sejam A:n×nA:n \times n uma matriz, xxyy elementos do espaço vetorial RnR^n com produto interno. Então, as seguintes afirmações são equivalentes:

(a) AA é ortogonal;
(b) Ax,Ay=x,y\langle Ax, Ay \rangle = \langle x,y \rangle (A preserva ângulo);
(c) Ax=x\left\| Ax \right\| = \left\| x \right\| (A preserva norma).


Demonstrações dos Teoremas: AQUI.


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Última Atualização: 01/02/2016.