Transformações Lineares

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Aplicações

    Definição: Dados dois conjuntos, não vazios, U e V, uma aplicação de U em V é uma "lei" que associa a cada elemento de U um único elemento de V. Se denotamos por F esta aplicação, então, o elemento associado a uUu \in U é denotado por F(u)F(u), que está em V, denominado a imagem de u pela aplicação F.

    U é o domínio e V o contra-domínio da aplicação F. Denotamos a aplicação da forma: F:UVF: U \rightarrow V. Ou ainda, indicando por u um elemento qualquer de U, denotamos: uF(u)u \mapsto F(u).

    Denomina-se Imagem da aplicação F:UVF: U \rightarrow V o subconjunto de V dado por: Im(F)={F(u)uU},Im(F) = \left\lbrace F(u)\mid u \in U \right\rbrace, ou seja, são todos os elementos em V que são associados a algum elemento de U pela aplicação F.

    Duas aplicações F e G são iguais se, e somente se, possuem o mesmo domínio e F(u)=G(u)F(u) = G(u) para todo u neste domínio.

    Aplicação Injetora: Uma aplicação F:UVF: U \rightarrow V é Injetora se, e somente se:

F(u1)=F(u2)u1=u2,u1,u2UF(u_1) = F(u_2) \Rightarrow u_1 = u_2, \;\;\;\; \forall u_1, u_2 \in U 
ou, se e somente se:
u1u2F(u1)F(u2),u1,u2Uu_1 \neq u_2 \Rightarrow F(u_1) \neq F(u_2), \;\;\;\; \forall u_1, u_2 \in U

    Aplicação Sobrejetora: Uma aplicação F:UVF: U \rightarrow V é Sobrejetora se, se somente se, Im(F)=VIm(F) = V, ou seja, para todo vVv \in V existe uUu \in U tal que F(u)=vF(u) = v.

    Aplicação Bijetora: Uma aplicação F:UVF: U \rightarrow V é Bijetora se, e somente se, é Injetora e é Sobrejetora.


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Transformações Lineares


    Definição: Sejam U e V espaços vetoriais sobre o corpo RR. Uma aplicação T:UVT: U \rightarrow V é denominada Transformação Linear de U em V se, e somente se, satisfaz:

        (a) T(u1+u2)=T(u1)+T(u2),u1,u2UT(u_1 + u_2) = T(u_1) + T(u_2), \;\;\;\; \forall u_1, u_2 \in U.
        (b) T(αu)=αT(u),uUT(\alpha u) = \alpha T(u), \;\;\;\; \forall u \in U.

    Um Operador Linear é uma transformação linear T:UVT: U \rightarrow V em que U = V.

    Das duas propriedades de transformação linear obtemos que:

T(α1u1+α2u2)=α1T(u1)+α2T(u2)T(\alpha_1 u_1 + \alpha_2 u_2) = \alpha_1 T(u_1) + \alpha_2 T(u_2)
para todo u1,u2Uu_1, u_2 \in U e todo α1,α2R\alpha_1, \alpha_2 \in R. Por indução em nn, provamos a relação mais geral:

T(i=1nαiui)=i=1nαiT(ui)T(\sum_{i=1}^{n} \alpha_i u_i) = \sum_{i=1}^{n} \alpha_i T(u_i)
para quaisquer uiUu_i \in U e αiR\alpha_i \in R, com i=1,2,...,ni = 1, 2, ..., n.

    Fazendo α=0\alpha = 0 na propriedade (b) temos que: T(eU)=eVT(e_U) = e_V, onde eUe_U denota o elemento neutro do espaço vetorial U e eVe_V denota o elemento neutro do espaço vetorial V. Ou seja, toda transformação linear leva o elemento neutro do domínio no elemento neutro do contra-domínio.



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Exemplos

    Exemplo 1: A seguinte aplicação de R2R^2 em R2R^2 é uma transformação linear:

T:R2R2vT(v)=αv\begin{array}{llll} T: & R^2 & \longrightarrow & R^2 \\ & v & \longmapsto & T(v) = \alpha v \end{array}
que é uma expansão (ou contração), dependendo do valor α\alpha. Esta transformação leva cada vetor v do R2R^2 num vetor de mesma direção de v, mas com sentido igual a v (caso α>0\alpha > 0) ou sentido oposto (caso α<0\alpha < 0) e módulo maior (caso |α|>1|\alpha| > 1) ou menor (caso |α|<1|\alpha| < 1). Para α=1\alpha = 1 esta é a transformação identidade, que leva o vetor v nele mesmo.

    De fato, para todo v1,v2R2v_1, v_2 \in R^2 e βR\beta \in R, temos:

T(v1+βv2)=α(v1+βv2)=αv1+αβv2=T(v1)+βT(v2)T(v_1 + \beta v_2) = \alpha(v_1 + \beta v_2) = \alpha v_1 + \alpha \beta v_2 = T(v_1) + \beta T(v_2)
Assim, T é uma transformação linear.

Por exemplo, para α=2\alpha = 2, e v=(x,y)R2v = (x, y) \in R^2, temos: T(x,y)=2(x,y)T(x, y) = 2(x, y).

ex1_transf

A transformação linear T leva todo elemento (x,y)R2(x,y) \in R^2 no elemento 2(x,y)2(x,y).

Esta transformação aplicada a uma figura (conjunto de pontos do R2R^2) irá expandir esta figura no dobro de seu tamanho.

ex2_transf
A transformação linear T leva uma figura no plano na mesma figura ampliada com o dobro do tamanho.


    Exemplo 2: A seguinte aplicação de R2R^2 em R2R^2 é uma transformação linear:

T:R2R2(x,y)T((x,y))=(x,-y)\begin{array}{llll} T: & R^2 & \longrightarrow & R^2 \\ & (x, y) & \longmapsto & T((x,y)) = (x, -y) \end{array}
que é uma reflexão em torno do eixo x.

    De fato, T é transformação linear, uma vez que, para todo v1=(x1,y1),v2=(x2,y2)R2v_1 = (x_1, y_1), v_2 = (x_2, y_2) \in R^2 e αR\alpha \in R, temos:

T(v1+αv2)=T((x1,y1)+α(x2,y2))=T(x1+αx2,y1+αy2)=(x1+αx2,-y1-αy2)=T(v_1 + \alpha v_2) = T((x_1,y_1) + \alpha(x_2, y_2)) = T(x_1 + \alpha x_2, y_1 + \alpha y_2) = (x_1 + \alpha x_2, -y_1 - \alpha y_2 =(x1,-y1)+(αx2,-αy2)=(x1,-y1)+α(x2,-y2)=T(x1,y1)+αT(x2,y2)=T(v1)+αT(v2)= (x_1, -y_1) + (\alpha x_2, -\alpha y_2) = (x_1, -y_1) + \alpha (x_2, -y_2) = T(x_1, y_1) + \alpha T(x_2, y_2) = T(v_1) + \alpha T(v_2)
onde usamos o fato de que R2R^2 é espaço vetorial e a forma como foi definida a aplicação T.

ex3_transf
A transformação linear T é a reflexão em torno do eixo x.

    Considere agora um triângulo ABC de vértices A = (-1, 4), B = (3, 1) e C = (2, 6). Vamos aplicar a transformação linear T neste triângulo. Para saber qual a imagem do triângulo pela transformação, basta sabermos as imagens de seus vértices:

T(-1, 4) = (-1, -4)
T(3, 1) = (3, -1)
T(2, 6) = (2, -6)

Portanto, o triângulo ABC é levado no triângulo A'B'C', com A' = (-1, -4), B' = (3, -1) e C' = (2, -6), pela transformação linear T, que é a reflexão em torno do eixo x.

ex4_transf
A transformação linear T leva o triângulo ABC no triângulo A'B'C'.



    Exemplo 3: Considere a seguinte aplicação:

T:R2R2(x,y)T(x,y)=(x+a,y)\begin{array}{llll} T: & R^2 & \longrightarrow & R^2 \\ & (x, y) & \longmapsto & T(x, y) = (x + a, y) \end{array}
com aRa \in R, que é uma translação de comprimento aa e direção do eixo x. Essa aplicação NÃO é uma transformação linear, a menos que a=0a = 0, pois não satisfaz as condições para ser linear.

    Considere v1=(x1,y1)v_1 = (x_1,y_1)v2=(x2,y2)v_2 = (x_2, y_2) pertencentes a R2R^2, temos que:

T(v1+v2)=T((x1,y1)+(x2,y2))=T(x1+x2,y1+y2)=(x1+x2+a,y1+y2)T(v_1 + v_2) = T((x_1, y_1) + (x_2, y_2)) = T(x_1+x_2, y_1+y_2) = (x_1 + x_2 + a, y_1+y_2)
mas por outro lado,

T(v1)+T(v2)=T(x1,y1)+T(x2,y2)=(x1+a,y1)+(x2+a,y2)=(x1+x2+2a,y1+y2)T(v_1) + T(v_2) = T(x_1, y_1) + T(x_2, y_2) = (x_1 + a, y_1) + (x_2 + a, y_2) = (x_1 + x_2 + 2a, y_1+y_2)
Ou seja, T(v1+v2)T(v1)+T(v2)T(v_1+v_2) \neq T(v_1) + T(v_2), para a0a \neq 0, logo a aplicação T não é uma transformação linear.

ex5_transf
A aplicação T é a translação de comprimento a e direção do eixo x. T não é transformação linear.



    Exemplo 4: Considere a transformação linear T:R2R2T:R^2 \longrightarrow R^2 tal que:

T(1,0)=(1,0),T(0,1)=(2,1)T(1,0) = (1, 0), \;\;\;\;\;\;\; T(0, 1) = (2, 1)
Vamos determinar explicitamente a transformação linear T.

    Estamos considerando o espaço vetorial R2R^2 com a base canônica B={(1,0),(0,1)}B = \left\lbrace (1, 0), (0, 1) \right\rbrace. Podemos escrever um elemento qualquer de R2R^2 de forma única como:

(x,y)=x(1,0)+y(0,1)(x, y) = x(1, 0) + y(0,1)
Sabendo como a transformação T atua nos elementos da base B, e que T é transformação linear, temos que:

T(x,y)=T(x(1,0)+y(0,1))=xT(1,0)+yT(0,1)T(x, y) = T(x(1, 0) + y(0, 1)) = x T(1, 0) + y T(0, 1) \Rightarrow T(x,y)=x(1,0)+y(2,1)T(x,y)=(x+2y,y)\Rightarrow T(x, y) = x (1, 0) + y(2, 1) \Rightarrow T(x, y) = (x+2y, y)
Assim, obtemos a expressão da transformação linear T.

    Considere o quadrado de vértices A = (0, 0), B = (1, 0), C = (1, 1) e D = (0, 1). Temos que as imagens dos vértices do quadrado pela transformação T são:

T(0,0)=(0,0),T(1,0)=(1,0),T(1,1)=(3,1),T(0,1)=(2,1)T(0, 0) = (0, 0), \;\;\; T(1, 0) = (1, 0), \;\;\; T(1, 1) = (3, 1), \;\;\; T(0, 1) = (2, 1)
Assim, o quadrado ABCD é levado no paralelogramo A'B'C'D'  de vértices A' = (0, 0), B' = (1, 0), C' = (3, 1) e D' = (2, 1) pela transformação linear T.

ex6_transf
A transformação linear T leva o quadrado ABCD no paralelogramo A'B'C'D'.



    Veja estes e mais exemplos AQUI.

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Última Atualização: 27/07/2015.