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Matrizes Definidas Positivas
Definição: Uma matriz quadrada de
ordem é definida
positiva se para todo
,
,
tivermos:
Exemplo 1: Considere a seguinte matriz:
Dado
,
teremos:
que claramente é sempre estritamente positivo. Logo, a
matriz é
definida positiva.
A resolução de sistemas lineares em que a matriz dos
coeficientes é simétrica e definida positiva é frequente
em aplicações. Veremos que tais matrizes podem ser
fatoradas na forma:
onde
é uma matriz triangular inferior com elementos da diagonal
estritamente positivos. Esta fatoração é conhecida como fatoração
de Cholesky. Para um caso geral é difícil verificar
se uma matriz é definida positiva, uma vez que não temos
uma caracterização simples. Na prática utilizamos a
fatoração de Cholesky para esta verificação.
Teorema 1: Se uma matriz
é definida positiva, então é
inversível e sua inversa é também definida positiva.
Demonstração: AQUI.
Teorema 2: Se
é não singular, então
é simétrica definida positiva.
Demonstração: AQUI.
Definição: O posto linha (coluna) de uma
matriz
é o número máximo de linhas (colunas) linearmente independentes
de
.
Pode-se mostrar que o posto linha é igual ao posto coluna
e denotamos então o posto de por
.
Uma matriz
tem posto completo se , isto
é, se o posto é o maior valor possível.
Teorema 3: Sejam
uma matriz com
e
,
e
uma matriz definida positiva. Então,
é definida positiva.
Demonstração: AQUI.
Definição: Seja
uma matriz. As submatrizes principais
de são
as matrizes
consistindo nas primeiras k linhas e colunas de
.
Teorema 4: Se
é uma matriz definida positiva, então suas submatrizes
principais
,
são definidas positivas.
Demonstração: AQUI.
Exemplo 2: Considere a seguinte matriz definida
positiva:
Construímos as matrizes:
Note que as submatrizes principais
de
são:
que também são definidas positivas.
Teorema 5: Se
é uma matriz definida positiva, então os elementos da
diagonal de são
estritamente positivos, ou seja,
.
Demonstração: AQUI.
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Fatoração de Cholesky
Teorema 6 (Fatoração de Cholesky): Seja
uma matriz simétrica. é
definida positiva se, e somente se, existe uma única
matriz
triangular inferior com elementos da diagonal estritamente
positivos, tal que
.
Demonstração:
Se é
definida positiva, pelo Teorema 4 temos que suas
submatrizes
,
também são definidas positivas e, pelo Teorema 1 temos que
elas são não singulares. Dessa forma, as hipóteses do Teorema sobre a existência e
unicidade da fatoração LU se verificam para a matriz e,
portanto, existem e são únicos os fatores L e U tais que
,
com U triangular superior e L triangular inferior com
diagonal unitária.
Temos que
.
Como é
definida positiva ela é não singular e, portanto,
.
Consequentemente,
e daí que
,
uma vez que U é triangular superior e seu determinante é o
produto dos elementos da diagonal. Dessa forma, é possível
separar o fator U em
,
escrevendo a fatoração:
onde D é uma matriz diagonal com elementos da diagonal
iguais a
e
tem entradas
.
Como é
simétrica então
é simétrica e, como D é diagonal ela também é simétrica,
assim temos:
Como a fatoração LU é única, segue que
.
A matriz é
triangular superior com diagonal unitária e assim possui
posto completo e é não singular. Então, para cada
existe
tal que
e se
então
.
Portanto, dado
,
,
temos:
A última desigualdade segue do fato que é
definida positiva. Portanto, a matriz D é também definida
positiva e, pelo Teorema 5 os elementos da diagonal de D
são estritamente positivos. Então, podemos escrever D
como
onde
é diagonal com entradas da diagonal:
.
Observe que podemos também, por exemplo, tomar a raiz
quadrada negativa, mas para manter a unicidade, na
fatoração de Cholesky convencionamos tomar a raiz quadrada
positiva. Chamando
,
temos:
Obtendo assim a fatoração de Cholesky:
,
onde o fator é
triangular inferior com diagonal estritamente positiva,
denominado fator de Cholesky da matriz
.
Supondo
agora que existe o fator
triangular inferior com diagonal estritamente positiva,
tal que
,
observe que é
triangular superior com diagonal estritamente positiva e,
portanto, é não singular. Pelo Teorema 2 segue que
é simétrica definida positiva.
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Cálculo do Fator de Cholesky
Usando a ideia da demonstração do Teorema 6, calculamos
o fator de Cholesky
através da fatoração LU de
. No
entanto, podemos obter o fator
diretamente pela equação matricial
,
sem precisar calcular os fatores L e U, reduzindo assim o
número de operações necessárias.
Dada uma matriz
simétrica e definida positiva, o fator
triangular inferior com diagonal estritamente positiva
será obtido a partir da equação matricial:
Usamos aqui o fato que é
simétrica e, portanto,
.
O cálculo é realizado por colunas. Considerando a coluna 1
de
,
temos:
Assim:
e
,
.
Observe que só podemos tirar a raiz quadrada de
pois os elementos da diagonal de são
estritamente positivos, uma vez que é
definida positiva. Considerando a coluna 2 de
,
temos:
Assim:
e
,
,
uma vez que os elementos
já foram calculados. Seguimos com o mesmo raciocínio para
as demais colunas e para obter a coluna k de
consideramos a equação matricial:
Assim, teremos: e então:
e
,
.
Como os elementos
já foram calculados, temos:
Observe que podemos realizar essa última divisão pois os
elementos da diagonal de são
estritamente positivos e para obtermos
temos que ter
, mas isso
ocorre pois
,
uma vez que é
definida positiva, e
.
Dessa forma, como temos que
.
Assim, calculamos todas as colunas de e
obtemos a fatoração
.
Algoritmo (Fatoração de Cholesky): Dada
simétrica definida positiva, o fator de Cholesky
tal que
pode ser obtido através do seguinte algoritmo:
Algoritmo.
A fatoração de Cholesky requer em torno de
operações, o que é aproximadamente metade do número de
operações necessárias na fase de eliminação da fatoração
LU. Se em alguma etapa tivermos
,
o processo será interrompido e, consequentemente,
saberemos que a matriz não
é definida positiva.
Exemplo 3: Considere a seguinte matriz:
Vamos calcular a fatoração de Cholesky de
,
verificando se ela é definida positiva:
A primeira coluna de é
obtida através da equação:
A segunda coluna de é
obtida através da equação:
E por fim, a terceira coluna de é
obtida através da equação:
Da última equação temos:
Portanto, obtemos a fatoração:
E assim, a matriz é
definida positiva.
Exemplo 4: Considere a seguinte matriz:
Vamos calcular a fatoração de Cholesky de
,
verificando se ela é definida positiva:
A primeira coluna de é
obtida através da equação:
A segunda coluna de é
obtida através da equação:
Observe que neste caso, não existe um valor real
tal que
.
Portanto, não podemos obter a fatoração de Cholesky da
matriz e
concluímos que a matriz não é definida positiva.
Exemplo 5: Considere a seguinte matriz:
Vamos calcular a fatoração de Cholesky de
,
verificando se ela é definida positiva:
A primeira coluna de é
obtida através da equação:
A segunda coluna de é
obtida através da equação:
E por fim, a terceira coluna de é
obtida através da equação:
Da última equação temos:
Portanto, obtemos a fatoração:
E assim, a matriz é
definida positiva.
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Resolução de Sistemas Lineares Utilizando
a Fatoração de Cholesky
Considere
um sistema linear cuja matriz dos
coeficientes é simétrica definida positiva. Então, podemos
obter o fator de Cholesky
triangular inferior com diagonal estritamente positiva,
tal que
.
Dessa forma, temos que
e a resolução do sistema linear segue da resolução dos
seguintes sistemas triangulares:
(i)
(ii)
Exemplo 6: Considere o seguinte sistema linear:
Note que a matriz dos coeficientes desse sistema é a mesma
matriz do
Exemplo 5, já sabemos que ela é simétrica definida
positiva e conhecemos sua fatoração de Cholesky:
Dessa forma, o sistema
pode ser resolvido através de dois sistemas
triangulares:
e
.
Para o primeiro sistema temos:
Considerando agora o segundo sistema triangular, temos:
Portanto, a solução do sistema linear original é
.
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