|
|
Um dos
principais problemas da Álgebra Linear e que surge nas
mais diversas áreas é a resolução de sistemas de equações
lineares. Um sistema linear com
equações e
incógnitas é normalmente escrito da forma:
onde
,
com
são os coeficientes do sistema linear,
,
com
são as incógnitas, e
,
com
são as constantes.
Utilizando notação matricial, podemos representar
o sistema linear da forma:
onde:
é a matriz dos coeficientes,
são o vetor das incógnitas e o vetor constante,
respectivamente. A resolução do sistema linear consiste em
encontrar uma
-upla
,
se existir, que satisfaça as
equações simultaneamente. O conjunto de todas as soluções
do sistema linear é denominado conjunto solução do
sistema.
Exemplo 1: Vamos começar com um sistema linear
simples, com mesmo número de equações e incógnitas, ou
seja,
equações e
incógnitas. Por exemplo, para
considere o seguinte sistema linear:
Nesse caso, as incógnitas são e
.
Uma maneira simples para resolver esse sistema é através
da eliminação:
1) Subtraindo 3 vezes a primeira equação da segunda
equação, eliminamos a incógnita da
segunda equação e ficamos com uma equação linear somente
em
:
De onde obtemos
.
2) Agora, basta substituir o valor encontrado
de na
primeira equação, por exemplo:
Assim, encontramos um par
que satisfaz ambas as equações.
Esse exemplo é bem simples e conseguimos resolvê-lo à mão.
Mas, em problemas reais, que dependem da resolução de
sistemas lineares com n equações e
incógnitas, onde n é muito grande, (,
por exemplo) seria inviável resolver à mão, ainda mais sem
um bom método para sua resolução, pois os cálculos
envolveriam milhões de coeficientes das equações,
acabaríamos nos perdendo e as chances de erros seriam
muito grandes.
Um método para a resolução de sistemas lineares é o método
de Cramer. Mas, para um sistema
,
este requer o cálculo de
determinantes de matrizes
,
e cada determinante requer em torno de
operações. Para
,
por exemplo, o cálculo envolveria aproximadamente
operações. Considerando um computador que realiza
(dois milhões) de operações por segundo, levaria,
aproximadamente,
anos para resolver este sistema, o que é inviável.
Observe que no caso de um sistema linear
que possui solução única, o vetor solução é
dado por
.
Porém, calcular a matriz inversa
é desaconselhável, pois envolve muitas operações, o que
torna esse processo não competitivo com os demais métodos
utilizados na resolução de sistemas lineares.
Voltar ao Topo.
Interpretação Geométrica por Linhas e
Colunas
Considere um sistema linear, com 2 equações e 2
incógnitas, por exemplo:
Esse sistema possui única solução
e
.
Vamos analisar o sistema através das suas linhas e
colunas.
Olhando para as linhas do sistema, ou seja, para
as equações separadamente, observe que a equação
é uma reta no plano
que passa pelos pontos
e
,
por exemplo. Do mesmo modo, a segunda equação
é uma outra reta, que intercepta a primeira no ponto
;
este ponto de intersecção pertence a ambas as retas e é a
única solução para as duas equações (Figura 1(a)).
Se considerarmos agora as colunas do sistema,
podemos escrevê-lo da forma:
Do ponto de vista das colunas, o problema de resolver o
sistema linear é equivalente ao de encontrar a combinação
linear dos vetores
e
que resulta no vetor
.
A ideia geométrica da solução é que o vetor
multiplicado por 1 somado com o vetor
multiplicado por 2 nos dá o vetor
e esta é a única combinação possível (Figura 1(b)).
(a) Interpretação por linhas.
(b) Interpretação por colunas.
Mas, nem todos os sistemas lineares têm solução e alguns
têm infinitas soluções. Considere agora, por exemplo, o
seguinte sistema:
Se tentarmos utilizar a eliminação para esse sistema,
subtraindo 3 vezes a primeira equação da segunda equação,
obtemos:
O que não é possível. Isso mostra que não existe um
par
que resolve as duas equações simultaneamente, ou seja, o
sistema linear não possui solução.
Geometricamente, olhando para as linhas do sistema, as
equações
e
representam retas que são paralelas e que, portanto, não
se interceptam (Figura 2(a)).
Olhando agora o sistema pelas suas colunas, observe que,
escrevendo o sistema da forma:
temos uma combinação linear dos vetores
e
resultando no vetor
,
o que é impossível, uma vez que os vetores
e
são paralelos, ou seja, estão na mesma direção, e o
vetor
está em outra. Assim, não existem valores
e que
satisfaçam essa combinação linear (Figura 2(b)).
(a) Interpretação por
linhas.
(b) Interpretação por colunas.
Se considerarmos agora, por exemplo, o seguinte sistema
linear:
Realizando a mesma eliminação anterior, obtemos:
e assim uma das equações se anula e qualquer valor
a satisfaz. Dessa forma, o sistema linear admite infinitas
soluções.
Olhando as linhas do sistema, observe que a equação
é 3 vezes a equação
,
ou seja, uma equação é múltipla da outra. Portanto, as
equações do sistema são linearmente dependentes e,
geometricamente, elas representam a mesma reta. Dessa
forma, todos os pontos
que satisfazem a equação 1 também satisfazem a equação 2,
portanto, o sistema linear possui infinitas soluções
(Figura 3(a)).
Considerando as colunas do sistema e escrevendo-o da
forma:
obtemos uma combinação linear dos vetores
e
que resulta no vetor
.
Mas, esses vetores estão todos na mesma direção, e
portanto existem infinitos valores
e que
satisfazem a combinação linear (Figura 3(b)).
(a) Interpretação por linhas.
(b) Interpretação por
colunas.
Para um sistema linear com 3 equações e 3 incógnitas, note
que cada equação representa um plano no espaço com
3 dimensões. Se esses 3 planos se interceptam em um ponto,
essa é a única solução do sistema linear. Se eles não se
interceptam o sistema não possui solução e, se eles se
interceptam em uma reta ou são coincidentes, o sistema
possui infinitas soluções.
Podemos aplicar o mesmo raciocínio para sistemas com
equações e
incógnitas, porém não é possível visualizar
geometricamente as equações em um espaço
-dimensional,
quando
.
Ainda assim, cada equação do sistema representará um
``plano'' com dimensão
.
A intersecção entre dois desses planos será um conjunto de
dimensão
.
Se o sistema tiver única solução, cada equação reduzirá a
dimensão da intersecção em 1 e no final, teremos um único
ponto, ou seja, uma
-upla,
cujas coordenadas satisfazem todas as equações do sistema.
De um modo geral, um sistema linear pode admitir apenas um
dos três casos: uma única solução, nenhuma solução ou
infinitas soluções.
Voltar ao Topo.
|