Matriz de uma Transformação Linear

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Definição

Definição: Sejam U e V espaços vetoriais sobre um corpo K e T:UVT:U \longrightarrow V uma transformação linear. Considere B={u1,...,un}B = \left\lbrace u_1, ..., u_n\right\rbrace uma base para U e C={v1,...,vm}C = \left\lbrace v_1, ..., v_m\right\rbrace uma base para V.

Os elementos T(u1),T(u2),...,T(un)T(u_1), T(u_2), ..., T(u_n) estão em V, assim, podemos escrevê-los como combinação linear dos elementos da base C:

T(u1)=α11v1+α21v2+...+αm1vmT(u2)=α12v1+α22v2+...+αm2vmT(un)=α1nv1+α2nv2+...+αmnvm\begin{array}{c} T(u_1) = \alpha_{11} v_1 + \alpha_{21} v_2 + ... + \alpha_{m1} v_m \\ T(u_2) = \alpha_{12} v_1 + \alpha_{22} v_2 + ... + \alpha_{m2} v_m \\ \vdots \\ T(u_n) = \alpha_{1n} v_1 + \alpha_{2n} v_2 + ... + \alpha_{mn} v_m \end{array}
A transformação linear T fica bem determinada por seu efeito sobre os elementos da base B de U, assim, dizemos que a matriz m×nm \times n
(T)B,C=[α11α12α1nα21α22α2nαm1αm2αmn](T)_{B,C} = \left[ \begin{array}{cccc} \alpha_{11} & \alpha_{12} & \dots & \alpha_{1n} \\ \alpha_{21} & \alpha_{22} & \dots & \alpha_{2n} \\ \vdots & \vdots & \ddots & \vdots \\ \alpha_{m1} & \alpha_{m2} & \dots & \alpha_{mn} \end{array}\right]
é a matriz da transformação linear T em relação as bases B e C.



Teoremas

    Teorema 1: Sejam F e G transformações lineares pertencentes a L(U,V)L(U,V) e, B e C bases de U e V, respectivamente, então:
        (a) (F+G)B,C=(F)B,C+(G)B,C(F + G)_{B,C} = (F)_{B,C} + (G)_{B,C}.
        (b) (λF)B,C=λ(F)B,C,λK(\lambda F)_{B,C} = \lambda (F)_{B,C}, \;\;\; \forall \lambda \in K.

    Teorema 2: Considere U, V e W espaços vetoriais, com as respectivas bases B, C e D. Sejam F:UVF: U \longrightarrow VG:VWG: V \longrightarrow W transformações lineares. Então, a matriz da transformação linear composta GF:UWG \circ F: U \longrightarrow W é o produto da matriz da transformação G pela matriz da transformação F, isto é:

(GF)B,D=(G)C,D(F)B,C(G \circ F)_{B, D} = (G)_{C, D} (F)_{B, C}

    Teorema 3: Considere U e V espaços vetoriais de mesma dimensão n, B e C bases para U e V, respectivamente. Seja T um isomorfismo de U em V. Então, a matriz (T)B,C(T)_{B,C} é inversível e:
(T)B,C-1=(T-1)C,B(T)^{-1}_{B, C} = (T^{-1})_{C, B}
Isto é, a inversa da matriz que representa T com relação as bases B e C é a matriz que representa T-1T^{-1} com relação a estas mesmas bases.

    Teorema 4: Sejam U e V espaços vetoriais de dimensões finitas n e m, respectivamente. Fixadas as bases B={u1,...,un}B = \left\lbrace u_1, ..., u_n\right\rbrace de U e C={v1,...,vm}C = \left\lbrace v_1, ..., v_m \right\rbrace de V, a aplicação T:L(U,V)Mm×n(R)T: L(U, V) \longrightarrow M_{m \times n} (R), que associa a cada transformação linear de L(U,V)L(U,V) uma matriz em relação as bases B e C, é bijetora.


Veja as demonstrações dos teoremas AQUI.

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Exemplos

    Exemplo 1: Seja F:R3R2F: R^3 \longrightarrow R^2, definida por F(x,y,z)=(x+y,2z)F(x,y,z) = (x+y, 2z). Determine a matriz da transformação linear F, isto é, (F)B,C(F)_{B,C} com B e C as bases canônicas de R3R^3 e R2R^2, respectivamente.

Escrevendo as imagens dos elementos da base canônica B={(1,0,0),(0,1,0),(0,0,1)}B = \left\lbrace (1, 0, 0), (0, 1, 0), (0, 0, 1)\right\rbrace do R3R^3, pela transformação F, como combinações lineares dos elementos da base C={(1,0),(0,1)}C = \left\lbrace (1, 0), (0, 1)\right\rbrace do R2R^2, temos:

    F(1,0,0) = (1, 0) = 1(1, 0) + 0 (0, 1)
    F(0,1,0) = (1, 0) = 1(1, 0) + 0 (0, 1)
    F(0,0,1) = (0, 2) = 0(1, 0) + 2 (0, 1)

Assim, pela definição da matriz de uma transformação linear, obtemos:

(F)B,C=[110002](F)_{B, C} = \left[ \begin{array}{rrr} 1 & 1 & 0 \\ 0 & 0 & 2 \end{array} \right]

    Exemplo 2: Seja F:R3R2F: R^3 \longrightarrow R^2, definida por F(x,y,z)=(x+y,2z)F(x,y,z) = (x+y, 2z). Determine (F)B,C(F)_{B, C} com B={(1,1,0),(1,0,1),(0,0,-1)}B = \left\lbrace (1, 1, 0), (1, 0, 1), (0, 0, -1)\right\rbrace base de R3R^3C={(1,0),(1,1)}C = \left\lbrace (1, 0), (1, 1) \right\rbrace  base de R2R^2.

Escrevendo as imagens dos elementos da base B, pela transformação linear F, como combinações lineares dos elementos da base C, temos:

    F(1,1,0)=(2,0)=α11(1,0)+α21(1,1){α11+α21=2α21=0{α11=2α21=0F(1,1,0) = (2, 0) = \alpha_{11}(1, 0) + \alpha_{21}(1, 1) \Leftrightarrow \left\lbrace \begin{array}{r} \alpha_{11} + \alpha_{21} = 2 \\ \alpha_{21} = 0 \end{array} \right. \Rightarrow \left\lbrace \begin{array}{r} \alpha_{11} = 2 \\ \alpha_{21} = 0 \end{array} \right.
    F(1,0,1)=(1,2)=α12(1,0)+α22(1,1){α12+α22=1α22=2{α12=-1α22=2F(1,0,1) = (1, 2) = \alpha_{12}(1, 0) + \alpha_{22}(1, 1) \Leftrightarrow \left\lbrace \begin{array}{r} \alpha_{12} + \alpha_{22} = 1 \\ \alpha_{22} = 2 \end{array} \right. \Rightarrow \left\lbrace \begin{array}{l} \alpha_{12} = -1 \\ \alpha_{22} = 2 \end{array} \right.
    F(0,0,-1)=(0,-2)=α13(1,0)+α23(1,1){α13+α23=0α23=-2{α13=2α23=-2F(0,0,-1) = (0, -2) = \alpha_{13}(1, 0) + \alpha_{23}(1, 1) \Leftrightarrow \left\lbrace \begin{array}{r} \alpha_{13} + \alpha_{23} = 0 \\ \alpha_{23} = -2 \end{array} \right. \Rightarrow \left\lbrace \begin{array}{l} \alpha_{13} = 2 \\ \alpha_{23} = -2 \end{array} \right.
Assim, obtemos:

(F)B,C=[2-1202-2](F)_{B, C} = \left[ \begin{array}{rrr} 2 & -1 & 2 \\ 0 & 2 & -2 \end{array} \right]

    Exemplo 3: Determinar o operador linear F do R2R^2 cuja matriz em relação a base B={(1,2),(0,5)}B = \left\lbrace (1,2), (0,5) \right\rbrace é:

(F)B=[312-1](F)_{B} = \left[ \begin{array}{rr} 3 & 1 \\ 2 & -1 \end{array} \right]
Pela definição da matriz de uma transformação linear, sabemos que:

F(1,2)=3(1,2)+2(0,5)=(3,16)F(1,2) = 3(1,2) + 2(0,5) = (3, 16)
e
F(0,5)=1(1,2)-1(0,5)=(1,-3)F(0,5) = 1(1,2) - 1(0,5) = (1, -3)
Considere um elemento (x,y)R2(x,y) \in R^2, escrevendo esse elemento como combinação linear da base B, temos:

(x,y)=α1(1,2)+α2(0,5){α1=x2α1+5α2=y{α1=xα2=y-2x5(x,y) = \alpha_1(1,2) + \alpha_2(0,5) \Leftrightarrow \left\lbrace \begin{array}{l} \alpha_1 = x \\ 2 \alpha_1 + 5\alpha_2 = y \end{array} \right. \Rightarrow \left\lbrace \begin{array}{l} \alpha_1 = x \\ \alpha_2 = \frac{y-2x}{5} \end{array} \right.
Desse modo, temos que:
F(x,y)=F(x(1,2)+y-2x5(0,5))=xF(1,2)+y-2x5F(0,5)=F(x,y) = F\left( x(1,2) + \frac{y-2x}{5} (0,5)\right) = x F(1,2) + \frac{y-2x}{5} F(0,5) = 
=x(3,16)+y-2x5(1,-3)=(3x+y-2x5,16x-3(y-2x5))=(13x+y5,86x-3y5) = x (3, 16) + \frac{y-2x}{5} (1,-3) = \left( 3x + \frac{y-2x}{5}, 16x - 3\left( \frac{y-2x}{5}\right) \right) = \left( \frac{13x+y}{5}, \frac{86x-3y}{5}\right) \Rightarrow
F(x,y)=15(13x+y,86x-3y)\Rightarrow F(x,y) = \frac{1}{5} (13x+y, 86x - 3y)


Veja estes e mais exemplos AQUI.

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Última Atualização: 27/07/2015.