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Estamos
interessados em representar um operador linear
da maneira mais simples, de modo a facilitar os
cálculos. Em alguns casos isso pode ser feito escolhendo
uma base B para V, cuja matriz que representa T com
relação a esta base seja uma matriz diagonal.
Estudaremos aqui a diagonalização de operadores
lineares, que está relacionada com a diagonalização de
matrizes.
Multiplicidades Algébrica e Geométrica
Definição: Definimos a multiplicidade
algébrica do autovalor
como sendo o número de vezes que
aparece como raiz do polinômio característico
.
E a multiplicidade geométrica de
como sendo a dimensão do subespaço vetorial
.
Exemplo 1: Considere o
operador linear
,
dado por
.
Vamos encontrar os autovalores e autovetores de T. A
matriz que representa T com relação a base canônica B
do
é:
O polinômio característico de T é o polinômio
característico de
dado por:
Os autovalores de T são as raízes do polinômio
característico:
Observe que
aparece duas vezes como raiz do polinômio característico
de T, logo a multiplicidade algébrica de
é igual a 2. Para este autovalor, temos:
Assim, os autovetores associados a
são da forma
.
Uma base para o subespaço
é
,
portanto
,
logo a multiplicidade geométrica de
é igual a 1. Observe que as multiplicidades algébrica e
geométrica de um mesmo autovalor nem sempre são iguais.
Critérios de Diagonalização
Definição: Sejam V um
espaço vetorial sobre um corpo
e
um operador linear. Dizemos que T é um operador diagonalizável
se existe uma base B de V tal que
,
a matriz que representa T com relação a base B, é uma
matriz diagonal.
Teorema 1: Sejam V um espaço
vetorial de dimensão
sobre
e
um operador linear. T é diagonalizável se, e somente se,
existe uma base B de V formada por autovetores de T.
Teorema 2: Sejam V um espaço
vetorial sobre
e
um operador linear, com
autovalores distintos de T e
os autovetores associados, respectivamente. Então,
são linearmente independentes.
Teorema 3: Sejam V um espaço
vetorial de dimensão finita sobre um corpo e
T um operador linear sobre V. Então, T é diagonalizável
se, e somente se:
(i) o polinômio
característico de T possui todas as suas raízes em
;
(ii) a
multiplicidade algébrica de cada autovalor de T é igual
a sua multiplicidade geométrica.
Definição: Uma
matriz quadrada A é diagonalizável se A for
semelhante a uma matriz diagonal D, ou seja, se existir
uma matriz invertível U tal que
.
Nesse caso, dizemos que U é a matriz diagonalizante
de A.
Teorema 4: Uma matriz
quadrada A de ordem é
diagonalizável se, e somente se, A possui
autovetores linearmente independentes.
Teorema 5: Autovetores,
associados a autovalores distintos, de matrizes reais
simétricas são sempre ortogonais.
Demonstrações dos Teoremas: AQUI.
Observe que, da demonstração do Teorema
4 obtemos uma forma para a diagonalização de uma
matriz quadrada A de ordem
,
que possui
autovetores linearmente independentes. A matriz
diagonalizante é a matriz cujas colunas são os
autovetores de A linearmente independentes e a matriz
diagonal correspondente é a matriz cuja entrada
é o autovalor
correspondente à coluna
(e portanto ao
-ésimo
autovetor) de A.
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Exemplos
Exemplo 2: Considere o
operador linear
dado por
.
Os autovalores de T são
e
.
Para
,
temos:
Os autovetores de T associados a
são da forma
.
Para
,
temos:
Assim, os autovetores de T associados a
são da forma
.
Considere dois autovetores de T, por exemplo,
e
.
Esses vetores são linearmente independentes e como
,
temos que
é uma base para o
formada por autovetores do operador T. Escrevendo as
imagens dos elementos da base B, pela transformação T,
como combinações lineares dos elementos de B, temos:
Portanto, a matriz que representa T com relação a base B
é:
que é uma matriz diagonal, logo T é um operador
diagonalizável. Observe que os elementos da diagonal
de
são os autovalores de T.
Exemplo 3: Considere o
operador linear
dado por
.
Tomando a base canônica B do
,
a matriz que representa T com relação a base B é:
Portanto, o polinômio característico de T é dado por:
Assim, a raiz do polinômio característico é
,
com multiplicidade 2. Logo, o operador T possui um
autovalor
com multiplicidade algébrica igual a 2. Nesse caso,
temos:
Portanto, os autovetores de T associados ao
autovalor
são da forma
.
Uma base para
é
,
e assim, o autovalor
tem multiplicidade geométrica igual a 1. Como
,
observe que para formarmos uma base para o
com autovetores de T precisamos de 2 autovetores
linearmente independentes, mas os únicos autovetores de
T são da forma
e quaisquer dois que tomarmos serão linearmente
dependentes, pois serão múltiplos um do outro. Logo, não
podemos obter uma base para o
formada apenas por autovetores do operador linear T,
assim T não é diagonalizável. Observe que as
multiplicidades algébrica e geométrica do
autovalor
não são iguais.
Exemplo 4: Considere a matriz
A dada por:
O polinômio característico de A é dado por:
As raízes do polinômio característico são ou
.
Portanto, A possui dois autovalores
e
.
Para
,
temos que:
Assim, os autovetores da matriz A associados ao
autovalor
são da forma:
Para
,
temos que:
Assim, os autovetores de A associados ao autovalor
são da forma:
Observe que
e
são linearmente independentes, portanto A possui 2
autovetores linearmente independentes, o que implica que
a matriz A é diagonalizável. De fato, basta tomar a
matriz diagonalizante U e a matriz diagonal D dadas por:
Observe que as colunas de U são os autovetores de A e a
matriz diagonal D foi construída com os autovalores de
A. Temos que A é semelhante a matriz D, ou seja,
,
de fato, podemos verificar que:
Assim, A é uma matriz diagonalizável.
Veja estes e mais exemplos AQUI.
Observação: Se A é uma
matriz
real e simétrica e tiver
autovalores distintos, então terá também
autovetores linearmente independentes e daí segue que A
é diagonalizável. Agora, ainda que A não tenha
autovalores distintos, a propriedade de simetria de A
permite obter uma relação do tipo:
,
onde a matriz Q tem colunas ortonormais, e cada
uma delas é um autovetor de A, e a matriz D é diagonal,
com entradas da diagonal formada por autovalores de A.
Dessa forma, temos
.
Esse resultado é bastante importante e segue do Teorema
Espectral para matrizes simétricas, o qual não faremos a
demonstração aqui, pois exige outros resultados mais
avançados sobre matrizes. Disso, temos que uma
matriz simétrica é sempre diagonalizável e, além
disso, a matriz diagonalizante é ortogonal.
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