Dois exemplos para entender como usar os polinômios de Lagrange
Vamos lá?
Os polinômios de Lagrange foram construídos com tanto cuidado, que seria uma pena não aproveitá-los para resolver alguns problemas.
1
2
3
4
Sobre o polinômio podemos dizer que...
A. determiná-lo requer pouco esforço.
B. o custo para avaliar é significativo.
C. o grau de é exatamente
Sobre o primeiro exemplo (interpolação de ), podemos dizer que...
A. os nós de interpolação foram 1, 2 e 4.
B. o polinômio interpolador tinha grau 3.
C. a maior diferença entre e aconteceu em
No exemplo da função seno, podemos afirmar que...
A. a escolha dos nós de interpolação não foi a adequada.
B. para aproximar a escolha dos nós de interpolação seria diferente.
C. seria possível construir até mesmo um polinômio de grau 3.
Sobre a interpolação usando polinômios de Lagrange é correto dizer que...
A. apesar de elegante em teoria, na prática é incoveniente, pois demanda muitas contas.
B. se bem implementada é barata de ser computada.
C. só deve ser utilizada em problemas pequenos, como nos exemplos.
Na aula passada, motivados pelo problema de interpolação no nós construímos a base para o espaço do polinômios de grau menor ou igual a denotado por Essa base, conhecida como base dos polinômios de Lagrange, foi construída a partir dos nós de interpolação, para ter a propriedade muito especial de que Deduzimos ainda a expressão explícita para cada polinômio como
Considere agora o problema interpolação polinomial, isto é, o problema de determinar um polinômio em tal que Se é escrito em termos da base dos polinômios de Lagrange, então resulta em Portanto, a condição de interpolação imediatamente implica que e assim o polinômio interpolador é dado por
No primeiro exemplo do vídeo, a intenção foi construir o polinômio que interpola a função nos pontos Para a interpolação em três pontos, o polinômio interpolador será de grau 2. Para expressá-lo na base dos polinômio de Lagrange basta usar e . Com efeito, e, com isso, o polinômio interpolador é Esse polinômio pode ser utilizado como uma aproximação para dentro do intervalo
No segundo exemplo, a intenção foi aproximar o valor da função seno em conhecendo apenas os valores de seno em alguns ângulos notáveis. Como só queríamos utilizar um polinômio de grau 2, primeiro é necessário escolher dos 4 pontos disponíveis, quais 3 pontos utilizar. Para reduzir o erro de interpolação, devemos sempre escolher os pontos mais próximos ao ponto onde se pretende avaliar o polinômio (a justificativa para essa escolha será tema de outra aula). Neste caso, os nós de interpolação mais próximos de são, e Desta forma, o polinômio interpolador é Para obter a aproximação para é preciso avaliar o em Ao olhar para expressão acima, já dá até um certo desânimo em pensar em substituir e realizar todas as operações, não? Realmente são muitas operações aritméticas.
No caso de um polinômio de grau ao observar a expressão é fácil concluir que avaliar consome subtrações e produtos, além de uma divisão, totalizando operações. Portanto, avaliar o polinômio dado por , consome operações aritméticas. Um polinômio de grau escrito em termos da base canônica, consumiria apenas operações para ser avaliado.
Outra complicação prática de usar a base de Lagrange é que a cadeia de produtos necessária para computar pode levar a problemas de overflow (obter um número maior que o maior número representável pelo sistema de ponto flutuante) ou underflow (obter um número menor que o menor número representável pelo sistema de ponto flutuante). Por exemplo se os primeiros termos , ..., podem gerar número muito grandes. É verdade que os termos do final, seriam bem pequenos. Mas se o produto acumulado do início já ultrapassar o máximo representável, o overflow não poderá ser recuperado pelos produtos seguintes.
Essa duas aparentes dificuldades não são inerentes aos polinômios de Lagrange, mas sim a um uso ingênuo deles. Observe novamente o polinômio . É claro que ao computar várias operações podem ser economizadas, observando que há muitos termos comuns. Uma implementação cuidadosa para o cálculo do polinômio interpolador conhecida como forma baricêntrica evita todos esses problemas.
No vídeo vimos que nos dois exemplos apresentados o polinômio interpolador pareceu ser uma boa aproximação para a função. Mas o quão boa? E se a aproximação não for razoável, como seria possível melhorá-la? Este assunto é interessante e merece outra aula.
1. Considere a função
Encontre o polinômio interpolador para em e
Faça o gráfico de e de no intervalo Você acha seguro utilizar o polinômio interpolador para prever o comportamento da função fora do intervalo de interpolação (extrapolação)? Se ficar na dúvida, faça alguns experimentos para poder formar uma opinião.
Aparentemente, em qual ponto do intervalo a aproximação de pelo polinômio interpolador foi pior?
(a)
2. Encontre o ponto de intersecção das duas funções tabeladas, utilizando interpolação quadrática.
A intersecção acontece entre e Então, será interpolada por em e enquanto que será interpolada por em e Determinando e Resolvendo , temos que o ponto de intersecção acontece aproximadamente em
3. Considere os pontos tabelados
Obtenha uma aproximação para o valor máximo de usando interpolação quadrática.
Usando interpolação quadrática aproxime a solução de
(a) O valor máximo de parece ocorrer próximo de Interpolando por um polinômio de grau 2 nos pontos e e depois buscando seu máximo descobrimos que este deve ocorrer em e valer aproximadamente (b) A solução de deve estar no intervalo Interpolando a função inversa, em temos que Logo