Os métodos construídos a partir da série de Taylor, apesar de serem bem acurados, são pouco práticos, por conta das muitas derivadas que precisam ser computadas. Os métodos de Runge-Kutta são uma melhor alternativa.
1
2
3
O que difere os métodos de Taylor dos métodos de Runge-Kutta?
A. Os métodos de Runge-Kutta são mais acurados.
B. Os métodos de Taylor são métodos de passo simples.
C. Os métodos de Runge-Kutta não usam derivadas da
D. Os métodos de Runge-Kutta são mais rápidos.
Nos métodos de Runge-Kutta podemos dizer que
A. a função é avaliada mais de uma vez por iteração.
B. a função pode ser avaliada mais de uma vez por iteração.
C. a determinação de pode ser trabalhosa, no caso de métodos implícitos.
Um método é dito implícito se
A. a determinação de depende de avaliar muitas vezes.
B. a equação para só depende de valores conhecidos.
C. na fórmula de iteração, não pode ser escrita apenas em função de quantidades conhecidas.
Os métodos de Taylor, são construídos para aproximar a solução do PVI padrão onde e Isso é feito construindo o polinômio de Taylor que aproxima para próximo de e usando-o para estimar O problema desta estratégia é que derivadas de precisam ser computadas em termos da função e isso leva ao cálculo de diversas derivadas de apenas para montar a fórmula de iteração do método.
Para superar essa dificuldade, os métodos de Runge-Kutta trocam as avaliações de múltiplas derivadas de por diversas avaliações de Essa é a forma de incorporar mais informação sobre a função o que permite atingir alta acurácia.
Existem várias maneiras de construir métodos de Runge-Kutta. Neste curso, vou exibir uma forma simples, baseada em integração numérica. Integrando a equação diferencial , entre e temos que ou seja Esta equação é exata, porém, sem conhecer não há como avaliar a integral acima. Diferentes métodos de Runge-Kutta surgem de diferentes abordagens para aproximar esta integral.
O primeiro método de Runge-Kutta sai de aproximar a integral pela valor da área do retângulo de base e altura (figura abaixo).
Com essa aproximação, temos que e portanto o método numérico obtido tem iteração Esse nada mais é que o método de Euler. Portanto, o método de Euler também pode ser entendido como um método tipo Runge-Kutta.
Claro que essa não é a única forma de aproximar a integral. Poderíamos aproximar essa área por um retângulo cuja altura é dada pelo valor de em como na figura a seguir.
Neste caso, a fórmula de iteração do método seria Assim como o método de Euler, este também é um método de primeira ordem, porém implícito, uma vez que a equação para depende do próprio valor de Esse método é conhecido como método de Euler reverso.
Utilizar métodos implícitos é mais complicado que utilizar métodos explícitos. Perceba que a determinação de no método de Euler reverso equivale a resolver a equação não linear Poderíamos considerar utilizar o método de Newton para isso, mas lembre-se que o objetivo inicial era evitar o cálculo de derivadas da função Se o método de Newton for empregado, então precisaremos da derivada de e, portanto, da derivada de
Uma maneira de converter o método de implícito para explícito é computar aproximações intermediárias e empregá-las na fórmula de iteração. Por exemplo, o método de Euler reverso poderia ser adaptado da seguinte forma Neste caso, uma aproximação para é computada usando o método de Euler e depois empregada para substituir na fórmula de iteração do método de Euler reverso, tornando-o assim um método explícito.
Todos os métodos vistos até aqui são de primeira ordem. Para conseguir um método melhor, a integral em deve ser melhor aproximada. Por exemplo, considere a aproximação ilustrada a seguir.
Isto dá origem ao método do trapézio, cuja fórmula de iteração é Novamente, este é um método implícito. Sua versão explícita, conhecida como método de Heun, pode ser obtida da mesma forma e ficaria
Um último exemplo de método de Runge-Kutta de segunda ordem é o método do ponto médio, obtido quando a integral em é aproximada pela área de um retângulo cuja altura é o valor no ponto médio do intervalo A figura abaixo ilustra esta aproximação.
O método, em sua versão explícita, seria Perceba foi obtido com o método de Euler, usando um passo de metade de Desta forma, é uma aproximação para em
É possível construir métodos de Runge-Kutta de ordens superiores. Como exemplo, exibo aqui um método de Runge-Kutta de quarta ordem, dado por
Para concluir, é importante entender que a qualidade da aproximação está sujeita à ordem do método escolhido e ao tamanho do passo de discretização Fixado o método, a redução no valor do passo de discretização melhora a qualidade da estimativa porém não de forma ilimitada. Quanto menor for maior a quantidade de passos necessários para cobrir um intervalo de interesse e, portanto, mais erros se acumularão. Além disso, se for pequeno demais, os erros de computação em precisão finita podem tornar-se significativos. Usar métodos de ordem superior, reduz a necessidade de empregar passos muito pequenos.
Os melhores métodos para PVI realizam controle automático do passo, de modo a garantir que a qualidade desejada para as estimativas é sempre atingida. Esse recurso é indispensável. Por isso, devemos sempre que possível utilizar implementações que tenham controle de passo embutido. No Octave, as funções lsode e ode45, por exemplo, têm essa funcionalidade.
1. Para os problemas de valor inicial abaixo, estime por um método de RK de ordem 2 usando (i) e (ii) Compute o erro absoluto nas duas aproximações, usando a solução exata apresentada.
[ ]
[ ]
2. Aplique um método de Runge-Kutta de segunda ordem com para aproximar o valor solução do PVI abaixo em Usando o comando lsode do Octave, refaça este exercício com Use o resultado do Octave como se fosse o valor real para estimar o erro da aproximação que você obteve com o RK de segunda ordem.
3. Aplique um método de Runge-Kutta de segunda ordem para resolver os problemas de valor inicial abaixo. Compare a solução obtida com a solução real. (Procure variar o método de Runge-Kutta empregado.)