Um tipo particular de equação, mas que vale conhecer
Vamos lá?
Se nas aulas passadas nos dedicamos a equações não lineares gerais, nesta vamos ver um tipo particular que, quando bem explorada, traz boas sacadas.
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O que é um ponto fixo de uma função?
A. É um valor de para o qual
B. É um valor de para o qual
C. É uma solução especial para a equação
D. É uma valor de que não se altera pela aplicação de uma função.
Sobre o exemplo do vídeo, podemos dizer que...
A. A função cosseno tem ponto fixo.
B. Apesar do cosseno ter ponto fixo, não foi possível descobrir seu valor.
C. A sequência gerada parecia convergir rapidamente.
Quais afirmações abaixo são verdadeiras?
A. não tem ponto fixo.
B. é ponto fixo de
C. Algumas funções podem ter mais de um ponto fixo.
D. tem ponto fixo se
Um tipo particular de equação não linear é onde é uma função pelo menos contínua. Não precisamos de métodos numéricos específicos para essa equação, uma vez que ela pode ser facilmente convertida no formato com o qual vínhamos lidando até agora. Basta definir . Com isso, a equação torna-se Apesar disso, será que não podemos tirar proveito desse formato particular para criar um método iterativo?
Um método iterativo deve produzir uma sequência que (esperamos) convirja para a , um ponto que satisfaça a equação . Se para o problema geral, , não é óbvio com gerar uma sequência de aproximações, no caso da equação , há uma forma bem simples de criar uma sequência.
Considere, por exemplo a equação não linear Assim, vamos definir . Todo método numérico precisa de um ponto de partida, uma aproximação inicial. Que tal tentar ? Como queremos que , vamos definir que como Certamente não é solução de . Com confiança, tentamos mais uma vez, definido . Seguindo, desta forma, construímos a sequência Veja o que acontece com os iterandos produzidos desta forma Parece que essa sequência está convergindo. Se isto for mesmo verdade, ou seja, se , então tem que ser solução da equação não linear . Para ver isso basta tomar o limite em ambos os lados da fórmula de iteração Ainda para o exemplo acima, podemos fazer um gráfico exibindo o erro entre e .
Pelo gráfico fica claro que a sequência esta convergindo para Esse valor é dito ponto fixo da função e a equação chama-se equação de ponto fixo.
Agora temos algumas perguntas pela frente. Será que uma equação de ponto fixo sempre tem solução? Se tiver solução, será que é única? Se tiver solução, será que a iteração descrita acima sempre convergirá?
A primeira pergunta é fácil. Não, nem sempre uma equação de ponto fixo tem solução. Como contraexemplo basta tomar a função . Claramente não existe tal que . Sobre a unicidade, deixo um exemplo para você mesmo perceber se é possível garanti-la ou não. Considere . O que você acha? Quantos pontos fixos tem?
Nos resta a última pergunta, ou seja, quando a iteração acima, conhecida como iteração de ponto fixo, converge? Bom, isso é assunto para outra aula.
Referências
Anne Greenbaum e Timothy P. Chartier. Numerical Methods: Design, Analysis, and Computer Implementation of Algorithm. Princeton University Press, 2012.
A. Quarteroni e F. Saleri. Cálculo Científico com MATLAB e Octave. Springer, 2007.
1. Verifique que o ponto fixo de uma função pode ser interpretado como o ponto de intersecção entre o gráfico de e o gráfico de .
2. Para cada função abaixo, verifique se há ponto fixo.
Para as funções em (a), (b), (d), (e) e (f) exite ponto fixo. Em (c) não existe ponto fixo.
3. Para cada função acima que admite ponto fixo, escolha um valor de e experimente computar as iterações de ponto fixo. Verifique se a interação está convergindo.