Olimpíada de Matemática da Unicamp 2025 celebra aprendizado e anuncia vencedores

Além das provas, as 239 equipes de todo o país participaram de palestras, assistiram apresentações de trabalhos e viveram trocas que aproximaram os alunos da experiência universitária.

 

De Norte a Sul do Brasil, 239 equipes de estudantes enfrentaram longas viagens até Campinas com um propósito em comum: se desafiar na terceira fase da 41ª Olimpíada de Matemática da Unicamp (OMU). Nos dias 12, 13 e 14 de setembro, o Instituto de Matemática, Estatística e Computação Científica (IMECC-Unicamp) se transformou em um grande ponto de encontro para jovens talentos das categorias Alfa, destinada a alunos do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental, e Beta, voltada para estudantes do Ensino Médio. Eles passaram o sábado resolvendo problemas desafiadores, participaram de palestras no mini-simpósio e tiveram a oportunidade de conhecer de perto o ambiente universitário.

Além de premiar as três melhores equipes em cada nível com medalhas de ouro, prata e bronze, a edição 2025 trouxe novidades: reconhecimento para equipes formadas apenas por meninas, para o professor que levou o maior número de escolas públicas e para as melhores redações de prova, avaliadas por clareza, originalidade e qualidade da argumentação.

Para o coordenador da OMU, professor Giuliano Zugliani, o clima no campus mostrou que o evento vai muito além da disputa por medalhas. “Os alunos têm um carinho enorme pela Olimpíada. Como as provas são em equipe, o aprendizado é colaborativo e participativo. Eles se divertem resolvendo desafios juntos, e isso é um dos pontos mais importantes para nós.” Giuliano lembra ainda que o trabalho não termina com o fim das provas. As soluções são analisadas e transformadas em material comentado, disponibilizado para escolas de todo o país. “Muitas vezes os alunos apresentam soluções criativas, diferentes do que esperávamos, e nós incluímos essas abordagens na solução final. Queremos que os professores usem esse material em sala de aula e que até mesmo quem não participou da fase presencial possa aprender algo e se sentir motivado a tentar no próximo ano”, complementa.

 

Equipes vencedoras

As equipes do Nordeste mais uma vez brilharam e estiveram entre as campeãs de praticamente todas as categorias. No nível Alfa, os ouros foram para ‘D.P.A: Detetives da Progressão Aritmética’, de Teresina (PI), ‘Os Phi de Euler’, do Recife (PE), ‘Maior que Menos, Menor que Mais’ e ‘O Centro Radical’, ambas de Brasília (DF).  No nível Beta, conquistaram o ouro as equipes ‘A galinha é cíclica!’, do Recife (PE), ‘Arthur Giovani e os Capangas,’ de Fortaleza (CE), ‘Equipe Notti’, de Bauru (SP), ‘Fieldinas, Adsumus!’, de Porto Alegre (RS), ‘Mandelbrot’, de Uberaba (MG), e ‘Nome Automático -1’, de Belo Horizonte (MG).

Para Sarah Cavalcante Carneiro, da equipe ‘Maior que Menos, Menor que Mais’, a vitória foi um momento inesquecível. “Eu surtei quando falaram nosso nome. Além desta medalha, também levo da OMU muito aprendizado”, contou. O professor Régis Souza destacou que acompanhar o crescimento dos alunos é tão recompensador quanto vê-los no pódio. “Já estamos preparados para a prova do ano que vem”, brincou.

O professor Otávio Sales, de Muzambinho (MG), foi o Professor Destaque de 2025 por ter inscrito o maior número de equipes e levado várias delas à fase presencial. Já na categoria redação, as equipes vencedoras foram: ‘D.P.A: Detetives da Progressão Aritmética’ e ‘Gaussianos’, ambas de Teresina (PI), ‘A galinha é cíclica!’ e ‘Equipe BBC’, de Porto Alegre (RS).

Outro ponto alto foi a premiação voltada exclusivamente para equipes formadas por meninas, reforçando o compromisso da OMU com a diversidade e a inclusão. No nível Alfa, foram premiadas ‘D.P.A: Detetives da Progressão Aritmética’, ‘Girls N' Roses’, de Brasília (DF), ‘Mendelévio’, de Campinas (SP), ‘Parthenon Bom Clima’, de Guarulhos (SP) e ‘Phoenix’, de Teresina (PI). No nível Beta, o reconhecimento foi para a equipe ‘3, 4 e 5’, de Goiânia (GO), ‘As Eulerianas’, de Maceió (AL), ‘Bézoutrinhas’, do Recife (PE), ‘Newtoninas’, de Teresina (PI) e ‘Racionais-Bernoulli’, de Belo Horizonte (MG).

 

Mais do que uma competição

A programação da OMU foi pensada para ser também um momento de troca e inspiração. No sábado, os estudantes participaram do mini-simpósio, em horários planejados para não atrapalhar a prova. Houve palestras sobre ladrilhamento e as obras de Escher, combinatória, criptologia e até uma oficina de origamis, além de uma conversa sobre formas de ingresso e permanência na Unicamp. O coordenador acadêmico da Olimpíada Brasileira de Matemática (OBM), Edmilson Motta, compartilhou histórias e incentivou os estudantes a sonharem em representar o Brasil na Olimpíada Internacional de Matemática (IMO). “Participar da IMO é como disputar uma Copa do Mundo da Matemática. É algo que fica para a vida toda e vale o esforço para conseguir”, afirmou.

Outra presença marcante foi a do professor Jorge Vitório Pereira, diretor adjunto do Instituto de Matemática Pura e Aplicada (IMPA), que apresentou a palestra “Bateu, Contou, Deu Pi”. “Venho sempre para esses encontros para ouvir os alunos, para conhecer as ideias deles. O aprendizado que tenho na interação com os estudantes é o que considero mais enriquecedor”, contou. Para ele, iniciativas como a OMU têm um papel fundamental: “As Olimpíadas são um grande sucesso. Essa possibilidade de ingresso na Unicamp por meio da performance na competição é excelente. Além disso, aqui os alunos encontram seus pares, interagem com pessoas que compartilham os mesmos interesses e passam a se sentir pertencentes a esse espaço, o que é uma grande mensagem para o futuro deles”.

Os professores acompanhantes dos alunos também tiveram sua própria programação, com palestras e pôsteres que valorizaram seu papel no incentivo à matemática. Para a professora Ana Carolina, de Maracanaú (CE), a experiência foi desafiadora e recompensadora. “Foi um grande esforço para conseguirmos vir, mas ver meus alunos interagindo com estudantes de outras cidades, conhecendo novas culturas e vivendo matemática de forma mais profunda foi transformador para todos nós”, declarou.

 

Uma experiência que fica 

Para muitos, estar na Unicamp foi um divisor de águas. A estudante Talia, de São José dos Campos (SP), comemorou ter chegado à final no último ano do ensino médio: “É a última vez que posso participar da OMU e finalmente cheguei à final, então estou muito orgulhosa. Além disso, é um sentimento muito bom ter a possibilidade de entrar na Unicamp através da OMU”.

A professora Francisca Reis, de Fortaleza (CE), que trouxe mais de 20 alunos para a fase final da OMU, disse que faz questão de participar todos os anos. “A OMU desenvolve liderança, oferece oportunidades para os alunos e incentiva o espírito colaborativo, já que é uma competição em equipe, o resultado não depende apenas de um único aluno”, comentou.

Daniel de Oliveira, professor de Goiânia (GO), trouxe pela segunda vez uma equipe para o evento. “Incentivamos muito os alunos a participarem porque sabemos que isso desenvolve algo a mais. É um desafio de logística, de tirar os estudantes da escola, de trabalhar conceitos além do currículo, mas os ganhos são enormes. Quem participa de olimpíadas costuma chegar à universidade mais preparado, muitas vezes já conquistando bolsa ou entrando em iniciação científica logo de cara”, disse.

Famílias também se mobilizaram para que os alunos pudessem estar presentes. Maysa Cerezoli, mãe de uma aluna do Tocantins, contou que rifas e vaquinhas foram organizadas para custear a viagem da equipe: “Valeu cada segundo. Ver minha filha vivendo esse momento é uma realização enorme”.

Para o diretor do IMECC, Ricardo Miranda Martins, essa vivência universitária é um dos pontos altos da OMU. “Para muitos, é o primeiro contato com o ensino superior. Conhecer laboratórios, auditórios e pesquisadores ajuda os jovens a se imaginarem como futuros universitários. Além disso, o convívio entre equipes de diferentes cidades fortalece a troca de experiências e o aspecto social do evento, que vai muito além da disputa por medalhas”, destacou.

 

Texto: Gabriele Maciel e Raquel Sampaio, da Reach Assessoria de Comunicação

Fotos: Lydia Soares, da Reach Assessoria de Comunicação