Docentes e pesquisadores do Instituto de Matemática, Estatística e Computação Científica (IMECC) da UNICAMP participaram do 65º Congresso Mundial de Estatística (WSC) promovido pelo Instituto Internacional de Estatística (ISI), entre os dias 5 e 9 de outubro de 2025. O evento é o principal encontro global da área e reuniu centenas de especialistas e profissionais para discutir o futuro dos dados e da Estatística.
Organizado desde 1887, o WSC é um dos mais tradicionais e abrangentes encontros científicos do campo, promovendo o intercâmbio de conhecimento entre pesquisadores de diferentes países e áreas. A edição de 2025 contou com mais de 160 sessões especiais de artigos, 80 sessões de artigos e pôsteres contribuídos, além de reuniões administrativas, plenárias e cursos de curta duração sobre temas emergentes em Estatística aplicada, ciência de dados e educação estatística.
Conexões internacionais
Para o professor Carlos Cesar Trucíos Maza, o congresso representa uma oportunidade única de troca de ideias e aprendizado. “Participar de um evento desse porte é sempre inspirador. Voltamos renovados, com novas ideias de pesquisa e, inclusive, com novos colaboradores”, destaca.
Trucíos teve uma atuação expressiva na edição de 2025: organizou a sessão “Modelling Economic and Financial Time Series”, presidiu a sessão “Seasonal Adjustment and Time Series Analysis for Official Statistics”, participou de reuniões executivas e recebeu o IBS Young Ambassador Award, concedido pela International Biometric Society (IBS) a jovens pesquisadores reconhecidos como talentos emergentes na área.
Em suas apresentações, o docente abordou métodos de previsão de volatilidade em dois contextos. O primeiro envolveu séries de dados em alta dimensão, tema apresentado na sessão “Modelling Economic and Financial Time Series”. O segundo tratou de modelos univariados na presença de má especificação e outliers, foco do trabalho premiado pelo IBS Young Ambassador Award.
Colaboração científica
O professor Alex Rodrigo dos Santos Sousa também ressaltou a relevância do evento como espaço de integração entre pesquisadores de diferentes partes do mundo. “Tivemos a oportunidade de conhecer o que nossos colegas de outros países vêm desenvolvendo por meio das apresentações e por conversas, além de mostrar o que produzimos aqui no Brasil, o que possibilita a criação de conexões e de novos projetos de pesquisa em colaboração”, afirma.
Durante o congresso, o docente apresentou resultados de seu projeto financiado pelo Programa de Incentivo de Novos Docentes (PIND) da UNICAMP, voltado à estimação de curvas em análise de dados funcionais agregados via ondaletas, com aplicações em quimiometria.
Sousa destacou ainda o reconhecimento conquistado por pesquisadores brasileiros no evento, entre eles o próprio colega Prof. Carlos Trucíos, o Prof. Anderson Ara (UFPR) e a Profa. Renata Rojas (UFSM). Também ressaltou a participação de egressos da pós-graduação do IMECC que hoje atuam em universidades de renome, como o Prof. Christian Galarza (ESPOL, Equador) e a Profa. Fernanda Schumacher (Ohio State University, EUA). “Essas conquistas mostram a qualidade e o reconhecimento da pesquisa brasileira em Estatística no geral e a qualidade do Programa de Pós-Graduação em Estatística da UNICAMP”.
O papel da educação estatística
Para o professor Victor Freguglia Souza, o congresso representou também um espaço importante de atualização científica e reflexão sobre o ensino de Estatística no mundo. “Foi uma grande oportunidade tanto de acompanhar avanços recentes nas áreas em que já atuo quanto de conhecer temas diferentes. Também participei de sessões voltadas à educação estatística, que mostraram desafios e semelhanças entre diferentes países”, relata.
Na sessão de pôsteres, Freguglia abordou o tema dos testes Bayesianos com Cadeias de Markov de Alcance Variável, área que conecta múltiplos campos da Estatística.
Segundo ele, o diálogo e as discussões científicas durante o evento são fundamentais para a consolidação de redes internacionais de pesquisa. “Ao apresentar nossos trabalhos, coordenar sessões e interagir com pesquisadores de outros centros, mostramos que a Estatística brasileira tem produção científica sólida e contribui ativamente para o avanço da área em nível global”, afirma.
Mulheres na Estatística
A doutoranda Carina Brunehilde Pinto da Silva, vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Estatística do IMECC, também marcou presença no congresso. Para ela, participar do WSC 2025 foi uma experiência transformadora, tanto no aspecto acadêmico quanto pessoal. “Foi uma oportunidade de conhecer pessoas de vários países, trocar experiências sobre a carreira de pesquisadora e me atualizar sobre as principais tendências da área”, relata.
Carina apresentou o trabalho “Longitudinal data under antedependece model with applications to environmental sciences”, parte de sua tese de doutorado orientada pela professora Larissa Matos (IMECC/UFC) e pelo professor José Roberto Silva dos Santos (DEMA/UFC), mestre e doutor em Estatística pela UNICAMP. Sua apresentação integrou a sessão “Handling time in environmental studies”, composta por pesquisadoras brasileiras e dedicada a metodologias aplicadas ao estudo de dados ambientais com dependência temporal.
A pesquisadora também participou de eventos satélites voltados à promoção da diversidade na ciência, como o ISI Committee on Women in Statistics Networking Event e o ISI Young Statisticians’ Event. Essas iniciativas promoveram a integração entre estatísticos de diferentes países e destacaram o papel de jovens pesquisadores e de mulheres na pesquisa.
Projeção global da pesquisa brasileira
A presença dos docentes e pesquisadores do IMECC no ISI WSC 2025 reforça a inserção internacional da pesquisa em Estatística desenvolvida no Instituto e o compromisso com a formação de excelência. Como observa o Trucíos, “a participação em congressos como o WSC traz maior visibilidade à Universidade e abre portas para parcerias com instituições de ponta”.
Já o professor Sousa reforça: “A divulgação dos resultados dos nossos trabalhos em um dos principais eventos internacionais é fundamental para o fortalecimento da pesquisa brasileira em Estatística”.
Caminhos futuros
As próximas edições do Congresso Mundial de Estatística já estão definidas: 2027, na Coreia do Sul, e 2029, na Zâmbia. A expectativa dos docentes do IMECC é ampliar ainda mais a participação brasileira. “Seria interessante marcarmos presença com professores e alunos de pós-graduação, fortalecendo nossa rede de pesquisa e colaboração internacional”, conclui Trucíos.