Iniciação Científica
Um novo modelo para denpendência espacial
No que se refere ao mapeamento de doenças, o modelo bayesiano proposto por Besag, York e Mollié(1991), denotado por BYM, é a escolha mais popular para estimar o risco relativo em áreas pequenas ou para avaliar os efeitos de covariáveis que atuam como substitutos a medidas de exposição. Um aspecto essencial do modelo BYM que vem sendo pouco estudado é a especificação da estrutura de vizinhança. Tipicamente ela é especificada com base somente nas relações de adjacência. Existem poucas justificativas para essa prática além da conveniência e facilidade nos cálculos. Isso justifica a investigação de modelos mais flexíveis no que se refere à essa estrutura de vizinhança. Em particular, fazer inferência sobre tal estrutura pode ser interessante. Tanto o modelo BYM como outros correntemente utilizados são definidos a partir de distribuições condicionais. Usualmente, porém, tais distribuições são definidas como função apenas dos vizinhos de primeira ordem de cada área. Dessa forma, ignora-se toda a informação no mapa que esteja além dessa vizinhança. A nossa idéia é incluir essa informação nas prioris através das condicionais e, a partir da atualização dos dados, verificar qual a sua relevância. Isso sugere um modelo mais flexível que os demais e, portanto, mais adequado a um número maior de situações. Nesse trabalho exploramos algumas propriedades teóricas do modelo apresentado. Analisamos a forma das distribuições condicionais a priori, bem como a estrutura de covariância dos efeitos aleatórios a posteriori. Ajustamos ainda o modelo para um conjunto de dados observados em uma região pequena e, portanto, relativamente homogênea e modelo conseguiu captar bem essa estrutura de correlação, o que não ocorre para os demais modelos analisados. Fizemos ainda simulações supondo o risco relativo constante e as estimativas obtidas a posteriori foram mais precisas que aquelas apresentadas pelos demais. Portanto, o modelo apresentado pode representar uma alternativa mais flexível do que aqueles que já existem na literatura sem, porém, perder interpretabilidade dos parâmetros.
Tamanho amostral para análise de medidas repetidas em estudos longitudinais
O planejamento de um estudo longitudinal em que cada unidade de investigação é observada em todas as ocasiões para as quais o estudo foi globalmente dimensionado precisa considerar características especiais deste tipo de dado, como correlação e heterocedasticidade. O cálculo do tamanho da amostra depende de suposições, que podem mudar facilmente, e do objetivo do estudo. Este trabalho tem com meta sumarizar e comparar alguns procedimentos disponíveis na literatura para cálculo do tamanho amostral em estudos longitudinais com medidas repetidas. Se o estudo é longitudinal e objetiva comparar médias entre dois grupos, a literatura apresenta diferentes abordagens para considerar a dependência entre medidas repetidas no tempo (Twisk, 2003; Kirby et al, 1994; Overall e Doyle, 1994). Um dos procedimentos objetiva comparar a evolução da variável de interesse durante o período de acompanhamento; o outro almeja comparar taxas de mudança da trajetória linear ao longo do tempo; enquanto o terceiro procedimento testa a diferença nos escores de mudanças entre a primeira e a última mensurações dos dois grupos. A comparação desses métodos foi realizada considerando-se diferentes cenários, contemplando variação no número de mensurações, na diferença das médias entre os grupos, na variabilidade estimada para a variável de interesse e nos parâmetros da estrutura de correlação. Pode-se verificar diferenças substanciais no tamanho amostral obtido pelos três procedimentos a depender dos parâmetros a serem considerados. Verifica-se, em particular, mesma tendência nos resultados provenientes dos métodos propostos por Kirby e colaboradores (1994) e Overall e Doyle (1994). Vale ressaltar que a escolha do procedimento vai depender, mais especificamente, do objetivo do estudo e das informações disponíveis para o cálculo amostral. No entanto, as relações encontradas entre os parâmetros dos diferentes procedimentos permite o uso de dados disponíveis para implementação de qualquer um destes métodos. A distinção entre os diferentes métodos que se encontram disponíveis na literatura para cálculo do tamanho amostral em estudos longitudinais pode tornar o planejamento deste tipo de estudo mais robusto e eficaz para responder às perguntas de investigação de pesquisadores das diversas áreas do conhecimento.
*Pesquisa com financiamento da FAPESB (Termo Outorga n° APR 0434/2008)
Uso de Erros-Padrão Consistentes sob Heteroscedasticidade
O modelo de regressão linear é muito utilizado nas diversas áreas do conhecimento. Algumas suposições relativas ao modelo de regressão linear são tipicamente feitas. Uma delas estabelece que os erros possuem a mesma variância, ou seja, apresentam a propriedade de homoscedasticidade. Sob essas suposições o Estimador de Mínimos Quadrados Ordinários (MQO) é bastante interessante, pois nos fornece estimadores não-viesados, eficientes e consistentes. Quando a suposição de homoscedasticidade é violada dizemos que o modelo é heteroscedástico. Isso ocorre com frequência quando trabalhamos com regressões envolvendo dados de corte transversal. Na presença de heteroscedasticidade o estimador de MQO dos parâmetros lineares da estrutura de regressão permanece não-viesado e consistente, porém, o estimador usual da matriz de covariâncias do estimador de MQO dos parâmetros de regressão torna-se viesado e não consistente. Um procedimento comum consiste em utilizar o estimador de MQO para estimar os parâmetros lineares da estrutura de regressão juntamente com um estimador para a matriz de covariâncias de forma que as estimativas sejam consistentes tanto sob homoscedasticidade quanto sob heteroscedasticidade de forma desconhecida. Alguns autores propuseram estratégias para estimar a matriz de covariâncias do EMQO. Nesta pesquisa utilizamos métodos de simulação de Monte Carlo para avaliar os desempenhos de testes baseados nos estimadores HC0, HC3 e HC4 propostos por Halbert White (1980), Davidson & MacKinnon (1993) e Cribari-Neto (2004), respectivamente.
Teste de Dickey-Fuller Robusto Baseado nos Ranks Para Séries Temporais com Observações Atípicas
Este trabalho investiga a probabilidade de rejeitar a hipótese nula, H_0: I(1), quando o teste de Dickey-Fuller (DF) é aplicado em processos autorregressivos (AR) na presença de outliers aditivos. Em particular, o teste de Dickey-Fuller, baseado nos postos (ranks), é sugerido como metodologia alternativa para testar raízes unitárias em séries temporais com outliers do tipo aditivo. Os resultados empíricos e teóricos dão suporte do uso da metodologia proposta para aplicação prática. A série do número de moscas, analisadas em Wei (1994), é considerada neste estudo para explicar o uso do teste proposto