Existem basicamente três tipos de cartas de recomendação: I – as que não servem para nada, II – as que te desqualificam e III – aquelas que são úteis para seja lá qual for o seu propósito (inscrição para estágio, mestrado, doutorado, intercâmbio, emprego, etc).
Por algum tempo eu sempre aceitei escrever cartas de recomendação para quem quer que fosse, por achar que a escolha de quem vai te recomendar é parte do processo seletivo – você precisa ter alguma ideia sobre a impressão que as pessoas tem sobre você. Continuo achando isto, mas o problema com isto é que algumas cartas acabam caindo no tipo I ou II. Cartas do tipo I consomem tempo precioso das comissões de seleção sem serem úteis no processo; cartas do tipo II são ruins para o candidato e, já que o conteúdo das cartas costuma ser sigiloso, não acho adequado escrevê-las.
Se você me pediu uma carta de recomendação, provavelmente eu te mandei para este página para que você tenha certeza se eu sou a pessoa certa para te recomendar. Mesmo que não seja o caso, pense nas seguintes questões sobre a pessoa para quem você pede uma carta de recomendação:
Sobre (1), você deve ter sido meu aluno ou então nos conhecemos em outra oportunidade/projeto. Como isto pode ter acontecido alguns semestres atrás, me mande seu histórico ou me atualize sobre o que você tem feito desde então. Pode ser um parágrafo – não quero saber se você adotou um gato, mas seria bom saber se você fez um intercâmbio no exterior ou algo assim. Se você foi meu orientando, esta pergunta está automaticamente respondida – sim, eu sei quem você é.
Sobre (2), é bastante claro em alguns casos (meus ex-alunos do curso de matemática que estejam aplicando para pós-graduação), mas não é tão claro em outros. Se você fez uma disciplina no 1o semestre da graduação comigo, no meio de uma centena de alunos, e está querendo um estágio na sua área de atuação, talvez eu não seja adequado para escrever a carta. Avalie isto. A carta de orientadores/ex-orientadores costuma ser relevante, então se é seu caso, está resolvido.
Sobre (3), é um tanto subjetivo e mais complicado. Os pré-requisitos básicos são os óbvios: se você foi meu aluno, deve ter sido aprovado no curso com uma boa nota: pelo menos B ou uma nota acima de 7,0. Em turmas grandes, pode ser que eu não me lembre de todos os alunos, mas se você foi um aluno participativo (participava da aula, tirava dúvidas depois, mandava dúvidas por e-mail, etc) certamente me lembrarei positivamente de você. Como regra, algo que costuma funcionar é: se você se lembra de mim, provavelmente vou me lembrar de você. Se você não foi tão bem no curso, mas teve uma boa evolução de lá pra cá, talvez também eu possa escrever uma boa carta.
Se você acha que está dentro dos critérios acima, certamente poderei escrever uma carta de recomendação para você – e aceito ajuda para isto. Se existe algum ponto em particular que você gostaria que eu abordasse, me informe. Me mande também cópia do seu histórico/integralização/qualquer coisa que possa ajudar. Ah! E não deixe de me enviar um lembrete por e-mail faltando um ou dois dias para o prazo final.
Este texto foi inspirado num texto parecido no site do Prof. Ravi Vakil (que linka para os sites de Keith Conrad, Megumi Harada, Rob Pollack e Tom Roby)