Morte materna e desigualdade social segundo o perfil de raça/cor: aplicação da técnica de análise de correspondência aos dados da região Nordeste brasileira

Autor(es) e Instituição: 
Maria Célia de Carvalho Formiga - DEST - UFRN
Paulo César Formiga Ramos - DEST - UFRN
Lára de Melo Barbosa - Barbosa - DEST – UFRN
Nilma Dias Leão Costa - DEST – UFRN
Kalline Fabiana da Silveira – Bolsista GED - DEST - UFRN
Apresentador: 
Paulo Cesar Formiga Ramos - UFRN

Este estudo teve por objetivo investigar a existência de diferenciais no padrão dos óbitos maternos na região Nordeste (NE) brasileira, por categorias de raça/cor, segundo características sócio demográficas e de morbi-mortalidade. O período selecionado corresponde ao último triênio disponível no sistema sobre mortalidade – SIM/Datasus/MS, 2005-2007. Coletou-se os óbitos maternos por raça/cor (adotando-se as categorias: branca, preta e parda), segundo as variáveis: estado civil, idade, escolaridade, local de ocorrência, tipo de causa obstétrica (direta, indireta e não especificada), causa da morte por grupos - CID-10 e a classificação do óbito (se durante a gravidez, parto ou aborto; puerpério (até 42 dias e 43 dias a 1 ano) e ignorado). Realizou-se uma análise exploratória, aplicando-se o teste de qui-quadrado (nível de 5% de confiança), e a técnica de Análise de Correspondência (AC), útil na visualização gráfica dos diferenciais nos padrões das variáveis. Observou-se um total de 1743 óbitos maternos informadas para a região NE em 2005-2007, dos quais 20%, 8% e 61% foram de mulheres declaradas como de cor branca, preta e parda, respectivamente. A maioria das mulheres eram solteiras (54%), na faixa etária de 20-34 anos (59%), com menos de 8 anos de estudo (46%). As causas obstétricas diretas responderam por 71% dos óbitos, tendo a maioria dos óbitos ocorrido durante a gravidez, parto ou aborto. Os resultados da AC mostraram que os óbitos das mulheres não brancas estiveram mais associados às adolescentes a baixa escolaridade, as causas obstétricas direta ou não informadas e as condições referentes à gravidez, parto ou aborto. Conclui-se que, apesar desses óbitos maternos representarem apenas uma amostra da realidade regional (devido ao sub-registro de óbitos) eles refletem com certa consistência, um padrão de vulnerabilidade para as mulheres da região.