Nos dias 23 e 24 de setembro de 2025, o Instituto de Matemática, Estatística e Computação Científica (IMECC/Unicamp) sediou a celebração dos 30 anos da União Matemática da América Latina e Região do Caribe (UMALCA).
O encontro reuniu pesquisadores, dirigentes de sociedades científicas e estudantes de toda a região, em uma programação diversificada que incluiu palestras plenárias, painéis de discussão, sessões de pôsteres e atividades sociais.
A cerimônia de abertura contou com uma mesa diretiva composta por representantes institucionais e da comunidade científica: Prof. Felippe Benavente Canteras (representando o magnífico Reitor da UNICAMP), Profa. Jaqueline Godoy Mesquita (Presidente da UMALCA e da SBM), Prof. Rafael Dias (Diretor Executivo de Relações Internacionais da Unicamp), Prof. Ricardo Miranda (Diretor do IMECC), Prof. Ludmil Karzakov (Diretor do IMSA — University of Miami), Prof. Eduardo Abreu (Coordenador do PPG em Matemática Aplicada do IMECC) e Wisley João Pereira (representante do SESI).
A presença, já na abertura, de presidentes de sociedades e academias de matemática da região destacou a representatividade internacional do evento. Estiveram presentes Diego Recalde (Sociedade Equatoriana de Matemáticas), Sofía Pinzon (Sociedad Colombiana de Matemáticas), Ursula Molter (Unión Matemática de Argentina), Maurício Godoy Molina (Sociedad Chilena de Matemáticas), Wilfredo Urbina (Sociedad Venezolana de Matemáticas), Gabriela Araújo (Sociedad Matemática Mexicana) e José Seade (Academia Mexicana de Ciências).
Durante a abertura, Ricardo Miranda ressaltou a relevância histórica do encontro:
“A presença de tantos presidentes de sociedades de ciências e de matemática é muito significativa diante do momento que o mundo vive. A união do bloco da matemática da América Latina é essencial para nossa própria sobrevivência, tanto como instituições quanto como ciência, pois compartilhamos problemas em comum. Em todos os países da região enfrentamos questões sociais e a falta de financiamento para pesquisa, ou, pelo menos, recursos em quantidade menor do que gostaríamos de ter. Por isso, nada melhor do que nos reunirmos e pensarmos coletivamente em soluções para esses desafios. Acredito que a força conjunta, como um bloco unido, é a chave para superarmos essas dificuldades.”
Na mesma linha, a Profa. Jaqueline Godoy Mesquita, presidente da Sociedade Brasileira de Matemática (SBM) e presidente da UMALCA, destacou:
“No âmbito da UMALCA, considero fundamental refletirmos sobre as possibilidades de conexão, especialmente porque a América Latina compartilha realidades semelhantes em diversos aspectos (culturais, sociais e de financiamento), como já mencionado nesta mesa. Então, entre os temas a serem discutidos aqui, destaco o ensino da matemática na região: como podemos, enquanto América Latina e Caribe, desenvolver ações efetivas para melhorar a educação básica? Esse é um ponto crucial. Precisamos voltar mais a atenção para a base. Quando pensamos na matemática em nível de pesquisa, a América Latina tem alcançado grande destaque: tivemos medalhistas Fields, ganhadores do Prêmio Abel nos últimos anos e matemáticos brilhantes de reconhecimento internacional. No entanto, quando olhamos para a educação básica, ainda estamos muito aquém do que gostaríamos.”
Ao longo dos dois dias, a programação científica contemplou tanto temas fundamentais quanto aplicações e políticas de formação. Conferencistas de destaque, vindos de universidades e institutos do Chile, México, Argentina, Estados Unidos, Equador e do Brasil, apresentaram resultados recentes e fomentaram debates sobre ensino, pesquisa e colaboração internacional. A diversidade de áreas e gerações presentes tornou o encontro um espaço fértil para trocas acadêmicas e para a construção de novas parcerias.
Entre os destaques do evento, tivemos a palestra do professor Marcos Benevenuto Jardim, que apresentou o Centro Brasileiro de Geometria (CBG), iniciativa de pesquisa com financiamento de longo prazo aprovada pela FAPESP em 30 de maio de 2025 e que será sediada no Instituto.
Em sua fala, o professor traçou um panorama das quatro linhas temáticas que estruturam o CBG, explicou a organização interna do centro e destacou o papel do Conselho Consultivo Internacional (CCI), formado por cientistas de renome mundial que atuam na fronteira do conhecimento. Também ressaltou o impacto esperado para a comunidade acadêmica, especialmente pela oferta de bolsas de pesquisa, que contribuirão para atrair ao IMECC pesquisadores de alto nível.
Além do debate científico, o encontro valorizou a formação de novos talentos, oferecendo visibilidade a estudantes e jovens pesquisadores por meio de sessões de pôsteres, que criaram pontes entre pesquisa e formação.
Para o IMECC, sediar esse evento significou não apenas acolher um público internacional de excelência, mas também abrir novas possibilidades de colaboração para seus programas de pós-graduação, laboratórios e projetos conjuntos. O apoio de instituições como FAPESP, FGV, IMSA e Finep foi decisivo para viabilizar o encontro e ampliar seu alcance regional.
A configuração do evento e a participação expressiva de sociedades e academias nacionais indicam que as próximas décadas poderão consolidar iniciativas conjuntas ainda mais estruturantes para o fortalecimento da matemática na América Latina e no Caribe.
As fotos do evento podem ser consultadas aqui.
Por: Isabel Pennafirme Ferreira