Produção: equipe do projeto PROIN/CAPES 98. | |
Coordenadora: Vera L.X. Figueiredo | |
Professoras: Margarida P. Mello e Sandra A. Santos | |
Alunos: Renato Cantão e Rodrigo Portugal |
Criação do
módulo por Sandra Santos & Margarida Mello, inspiradas no artigo:
J. H. Bevis & J.L.Boal, County Agent's problem; or, how long is a short barn?, Mathematics Teacher 77, pp. 278-282, 1984. |
Palavras-chave: máximos e mínimos (sem e com restrições), funções de uma e duas variáveis, análise paramétrica.
...Eu quero uma casa no campo
do tamanho ideal pau-a-pique sapê Onde eu possa plantar meus amigos meus discos e livros e nada mais... Zé Rodrix & Tavito - Casa no campo |
Uma parede | Parte I |
Desejamos cercar um canteiro de formato retangular com um pedaço de tela de comprimento L. Quais as dimensões que o canteiro deve ter para que sua área seja máxima?
O problema é Maximizar x y com 2x+2y=L, x >= 0 e y
>= 0.
A função área, A(x,y)= x y, de duas variáveis, é
denominada função objetivo, e o perímetro fixo constitui uma
restrição de igualdade. As restrições de não
negatividade para x e y decorrem destas variáveis descreverem as
dimensões do canteiro.
Isolando y na restrição de igualdade e substituindo na
função objetivo, reduzimos o problema à maximização apenas
na variável x: Maximizar q(x)=x (L/2 - x), onde 0 <=x <=
L/2. A função q(x) é quadrática, com raízes 0 e
L/2, e seu vértice é x*=L/4, ponto de máximo pois
q'' = - 2<0. Substituindo x* na restrição obtemos
y*=L/4 e portanto, o canteiro ótimo é um quadrado de lado
L/4.
O que acontece se, para cercarmos o canteiro, pudermos aproveitar uma parede, de
comprimento b?
Suponhamos inicialmente que a parede seja suficientemente longa para que o canteiro tenha a
seguinte configuração:
Neste caso, o problema é Maximizar x y sujeito a x+2y =L, x >= 0, y >= 0, e procedendo de maneira análoga ao caso sem parede, recaímos em Maximizar x (L-x)/2, sujeito a 0 <= x <= L, cuja solução é x*=L/2 e y*=L/4. Vemos assim que o canteiro ótimo é retangular, e o lado paralelo à parede é o dobro do lado perpendicular.
Suponhamos agora que o comprimento b da parede seja pequeno o suficiente, de forma a ser totalmente aproveitado, mas ainda não atinja a dimensão desejada para o canteiro.
Neste caso, o problema é Maximizar x y sujeito a x+2y+x-b=L, x
>= 0, y >= 0, ou, Maximizar x y s. a x+y=(L+b)/2, x
>= 0, y >= 0, ou ainda, Maximizar x ((L+b)/2 -x), onde 0
<= x <= (L+b)/2, com solução x*= (L+b)/4 = y*. Assim, o
canteiro ótimo tem formato quadrado.
Observando que no caso da parede longa temos 0 < x < b e na parede curta
b<x<(L+b)/2, podemos assumir que o comprimento de parede b é uma
constante desconhecida, isto é, não sabemos se é curta ou longa, e
agrupar os dois casos na maximização de uma única função,
definida por partes:
a(x) = x (L-x)/2 , 0 <= x < b
x (L+b-2x)/2, b <= x <= (L+b)/2
Como os limites de a(x) quando x tende a b pela direita e pela
esquerda são iguais e valem a(b), esta função é
contínua.
Agora, a função derivada é
da/dx = L/2 -x, 0 <= x < b
(L+b)/2 - 2x, b < x <= (L+b)/2
e os limites laterais de da/dx quando x tende a b são
diferentes (pela direita vale (L-3b)/2 e pela esquerda vale
(L-2b)/2) e, portanto, a(x) não é diferenciável em
b.
Vamos analisar os pontos críticos de a(x). Vejamos que as duas
funções quadráticas que a compõem se combinam de maneira a haver
três possíveis maximizadores:
(i) Se b <= (L+b)/4, que é equivalente a b <= L/3, então o
ponto crítico com tangente horizontal do segundo trecho de a(x) é o ponto
de máximo: x*=(L+b)/4=y*.
(ii) Se b >= L/2, o ponto crítico com tangente horizontal do primeiro trecho
de a(x) é o ponto de máximo: x*=L/2, y*=L/4.
(iii) Se L/3 < b < L/2, os possíveis pontos críticos com
tangentes horizontais estão fora dos trechos correspondentes que definem a(x).
Neste caso, o ponto crítico em que a derivada não existe, x*=b, é
o ponto de máximo procurado. A outra dimensão do canteiro ótimo é
y*=(L-b)/2, e este canteiro é retangular, com lado paralelo à parede com
dimensão igual à da parede.
Os três gráficos baixo ilustram as situações (i), (ii) e (iii), que
podem ser resumidas na seguinte tabela:
Formato do canteiro | Parede | |
b <= L/3 | quadrado | curta |
L/3 < b < L/2 | retangular | média |
b >= L/2 | retangular | longa |
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Duas paredes | Parte II |
Supomos agora que existem duas paredes perpendiculares, de comprimentos b e c que podem ser usadas para delimitar o nosso canteiro retangular. A tela disponível tem comprimento L. Que dimensões que o canteiro deve ter para que sua área seja máxima?
Chamando de x o comprimento do lado horizontal do retângulo e de y o
comprimento do lado vertical (veja figura acima), o problema pode ser formulado como segue
max { x * y | x + max{0, x-b} + y +
max{0,y-c} = L, x >= 0, y >= 0}
Considerando separadamente os casos 0 <= y <= c e c <= y,
podemos eliminar a variável y, obtendo uma função área
A(x) definida por partes. Analisando cada uma das expressões resultantes nas
regiões 0 <= x <= b e b <= x, obtemos as quatro
partes de A(x):
A1(x) = x (L-x), para max{0, L-c} <= x
<= min{L, b}
A2(x) = x (L+b-2 x), para max{b,
(L+b-c)/2} <= x <= (L+b)/2
A3(x) = x (L+c-x)/2, para 0 <= x <=
min{b,L-c}
A4(x) = x ((L+b+c)/2 -x), para b <=
x <= (L+b-c)/2
Seja Ai* o máximo de Ai. Então o máximo de A(x), A*, é dado
por:
A* = max { A1*, A2*, A3*, A4*}.
É claro que o ponto máximo e o valor máximo de cada Ai depende da tripla
(b, c, L). Considerando L fixo, analisamos as diversas
regiões no plano b ⨯ c para as quais cada Ai está definido e
qual o valor máximo e o ponto de máximo em cada região.
Análise para a região correspondente a A1
A região em que A1 está definida é determinada pelas desigualdades
0 <= L, 0 <= b, L-c <= L, L-c <=
b.
Simplificando temos: 0 <= L, 0 <= b, 0 <= c, L <=
b+c
Como o ponto de máximo irrestrito é L/2, temos que o ponto de
máximo do problema restrito é:
L/2, se max{0, L-c} <= L/2 <= min{L,
b} (1)
b, se L/2 >= b = min{L,
b} (2)
L-c, se L/2 <= L-c = max{0,
L-c} (3)
(1) equivale a c >= L/2 e b >= L/2 (neste caso x =
y = L/2)
(2) equivale a b <= L/2 (neste caso x =
b, y = L-b)
(3) equivale a c <= L/2 (neste caso x =
L-c, y = c)
Análise para a região correspondente a A2
A região em que A1 está definida é determinada pelas desigualdades
b <= (L+b)/2, (L+b-c)/2 <=
(L+b)/2.
Simplificando temos: b <= L (é claro que só tem sentido
físico b, c, L >= 0)
Como o ponto de máximo irrestrito é (L+b)/4, temos que o ponto de
máximo do problema restrito é:
(L+b)/4, se max{b, (L+b-c)/2} <=
(L+b)/4 <= (L+b)/2 (1)
b, se (L+b)/4 <= b = max{b,
(L+b-c)/2} (2)
(L+b-c)/2, se (L+b)/4 <=
(L+b-c)/2 = max{b,
(L+b-c)/2} (3)
(1) equivale a 2 c- b >= L e b <= L/3 (neste
caso x =(L+b)/4 e y = (L+b)/2)
(2) equivale a b >= L/3 e b+c >= L (neste
caso x =b e y = L-b)
(3) equivale a 2 c - b <= L e b+c <=
L (neste caso x =(L+b-c)/2 e y = c)
Análise para a região correspondente a A3
A região em que A1 está definida é determinada pelas desigualdades
0 <= b, 0 <= L-c.
Simplificando temos: c <= L (é claro que só tem sentido
físico b, c, L >= 0)
Como o ponto de máximo irrestrito é (L+c)/2, temos que o ponto de
máximo do problema restrito é:
(L+c)/2, se 0 <= (L+c)/2 <= min{b,
L-c} (1)
b, se (L+c)/2 >= b = min{b,
L-c} (2)
L-c, se (L+c)/2 >= L-c
= min{b, L-c} (3)
(1) equivale a 2 b - c >= L e c <= L/3 (neste caso
x = (L+c)/2 e y = (L+c)/4)
(2) equivale a 2 b - c <= L e b+c <= L (neste
caso x = b e y = (L+c-b)/2)
(3) equivale a b+c >= L e c >= L/3 (neste caso
x =L-c e y = c)
Análise para a região correspondente a A4
A região em que A1 está definida é determinada pelas desigualdades
b <= (L+b-c)/2.
Simplificando temos: b+c <= L (é claro que só tem
sentido físico b, c, L >= 0)
Como o ponto de máximo irrestrito é (L+b+c)/4, temos que o ponto de
máximo do problema restrito é:
(L+b+c)/4, se b <= (L+b+c)/4 <=
(L+b-c)/2 (1)
b, se (L+b+c)/4 <=
b (2)
(L+b-c)/2, se (L+b+c)/4 >=
(L+b-c)/2 (3)
(1) equivale a 3 b - c <=L e 3 c - b <=
L (neste caso x = y = (L+b+c)/4)
(2) equivale a 3 b - c >= L e b+c <=
L (neste caso x = b e y = (L+c - b)/2)
(3) equivale a 3 c - b >= L e b+c <= L
(neste caso x =(L+b-c)/2 e y = c)
Reunindo os resultados das análises e utilizando a simetria do problema
O gráfico a seguir é obtido sobrepondo-se as regiões calculadas nas
análises anteriores. A simetria do problema permite que calculemos o máximo dos
Ai's apenas nas regiões enumeradas abaixo, contidas na região c >=
b. Assim, se (x*, y*) é a solução ótima
correspondente a (b*,c*) satisfazendo c*>=b*, então
(y*, x*) é a solução ótima correspondente ao par
(c*, b*).
Calculando o máximo em cada região:
Região 1: b, c >= 0, b <= c <=
(b+L)/3 (contida em b+c <= L)
max{ A2[(L+b-c)/2], A3[b], A4[(L+b+c)/4] } =
max{c (b - c +L)/2, b (c - b +
L)/2, (b + c + L)^2/16 }
Note que (use o comando Simplify)
c (b - c + L)/2 - b (c - b + L)/2 =
(b - c)(b + c -
L)/2 (1)
(1) >= 0 na região determinada por b <= c <=
L-b, que contém região 1.
Conseqüentemente, o máximo deve ser escolhido entre (b + c +
L)^2/16 e
c (b - c +L)/2. Calculando a diferença:
(b + c + L)^2/16 - c (b - c +L)/2 =
(b - 3 c + L)^2/16 >= 0
Portanto
max{ A2[(L+b-c)/2], A3[b], A4[(L+b+c)/4] } =
(b + c + L)^2/16 = A4[(L+b+c)/4].
Região 2: b, c >= 0, (b+L)/3 <= c
<= (b+L)/2, b+c μ L
max{ A2[(L+b-c)/2], A3[b], A4[(L+b-c)/2] } =
max{c (b - c +L)/2, b (c - b +
L)/2, c (b - c +L)/2 }
É fácil verificar que (1) >= 0 na região 2. Segue então
que
max{ A2[(L+b-c)/2], A3[b], A4[(L+b-c)/2] } =
c (b - c +L)/2 = A2[(L+b-c)/2] =
A4[(L+b-c)/2].
Região 3: b, c >= 0, (b+L)/2 <= c
<= L - b
max{ A2[(L+b)/4], A3[b], A4[(L+b-c)/2] } =
max{(b + L)^2/8, b (c - b + L)/2, c
(b - c +L)/2 }
Na região 3 ainda ocorre a desigualdade (1) >= 0. Temos também que
(b + L)^2/8 - c (b - c +L)/2 = (b - 2
c + L)^2/8 >= 0.
Portanto
max{ A2[(L+b)/4], A3[b], A4[(L+b-c)/2] } = (b
+ L)^2/8 = A2[(L+b)/4].
Região 4: 0 <= b <= L/3, L - b <=
c <= L
max{ A1[b], A2[(L+b)/4], A3[L-c] } = max{ b
(-b + L), (b + L)^2/8, c (-c + L) }
Observe agora que (1) <= 0 na região 4. Devemos então comparar
b (-b + L) e
(b + L)^2/8:
(b + L)^2/8 - b (-b + L) = (-3 b + L)^2/8
>= 0 (2)
Logo
max{ A1[b], A2[(L+b)/4], A3[L-c] } = (b +
L)^2/8 = A2[(L+b)/4].
Região 5: L/3 <= b <= L/2, L - b
<= c <= L
max{ A1[b], A2[b], A3[L-c] } = max{ b (-b +
L), b (-b + L), c (-c + L) }
Como (1) <= 0 na região 5,
max{ A1[b], A2[b], A3[L-c] } = b (-b + L) =
A1[b] = A2[b].
Região 6: L/2 <= b <= L, b <= c
<= L
max{ A1[L/2], A2[b], A3[L-c] } = max{ L^2/4, b
(-b + L), c (-c + L) }
Como (1) <= 0 na região 6, a comparação é entre
L^2/4 e b (-b + L). Mas
max{ b(-b + L) | b real} = L^2/4. Portanto
max{ A1[L/2], A2[b], A3[L-c] } = L^2/4 =
A1[L/2].
Região 7: 0 <= b <= L/3, L <= c
max{ A1[b], A2[(L+b)/4] } = max{ b (-b + L),
(b + L)^2/8 }
De (2) concluímos que
max{ A1[b], A2[(L+b)/4] } = (b + L)^2/8 =
A2[(L+b)/4].
Região 8: L/3 <= b <= L/2, L <=
c
max{ A1[b], A2[b] } = max{ b (-b + L), b (-b
+ L) } = A1[b] = A2[b].
Região 9: L/2 <= b <= L, L <= c
max{ A1[L/2], A2[b] } = max{ L^2/4, b (-b + L) } =
L^2/4 = A1[L/2],
visto que max{ b(-b + L) | b real} = L^2/4.
Região 10: L <= b , b <= c
Somente A1 está definida nesta região.
Construímos a seguir gráficos para produzir uma animação que forneça, para cada par (b, c) escolhido no plano, o gráfico da função área e a solução ótima. O par (b, c) é indicado por um ponto cinza. Enquanto este ponto passeia pelas diversas regiões, percorrendo um caminho poligonal, podemos ver o que acontece com a função área e a solução ótima. No gráfico da função área indicamos em azul o ponto de máximo e em preto os pontos de mudança da fórmula de A(x) (lembre-se de que A(x) é uma função definida por partes).
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Uma abordagem bidimensional | Parte III |
Prosseguiremos com o dimensionamento de canteiros
ótimos, considerado na Parte II. Aqui faremos uma análise um pouco diferente,
que explora os aspectos bidimensionais envolvidos para detectarmos quais são e quando
ocorrem as diferentes soluções deste problema.
Inicialmente, vamos visualizar duas possíveis situações em que definimos
as variáveis e os dados do problema, criando subsídios para a
formulação matemática que vem a seguir.
O problema pode ser escrito da seguinte maneira
Maximizar x y , com a
restrição x+Max{0,x-b}+y + Max{0,y-c} =
L, x >= 0
e y >= 0, (*)
onde os termos Max{0,x-b} e
Max{0,y-c}
são utilizados para contemplar numa única expressão as diferentes
possibilidades que podem ocorrer. Assim, conforme a
variação para x e
y, com relação a b e c,
respectivamente, podemos reescrever (*) de quatro formas específicas:
(I) Max x y sujeito a x+y=L, 0 <= x <= b, 0 <= y
<= c
(II) Max x y s.a 2x+y=L+b, b<=x, 0 <= y <=
c
(III) Max x y s.a x+2y=L+c, 0 <= x <= b, c <=
y
(IV) Max x y s.a 2x+2y=L+b+c, b <= x, c <= y
Na figura a seguir visualizamos as regiões no plano
x-y correspondentes às possibilidades
(I)-(IV).
O exame da solução ótima das
versões relaxadas (i.e., sem levar em conta as restrições de desigualdade
para x e
y) dos problemas (I)-(IV) auxiliará a
determinação da solução do problema
(*) . Após isolarmos y na restrição de igualdade e
incorporarmos a expressão obtida na função a ser maximizada, todos se
convertem na maximização de uma quadrática em uma variável, do
tipo q(x) = x (x-a), com raízes 0
e a, e com solução facilmente
computável x*=a/2. Vejamos o que ocorre em cada caso:
de (I) temos Max x (L-x), com
solução x*=L/2
de (II), Max x (L+b-2x), com solução
x*=(L+b)/4
de (III), Max x (L+c-x)/2, com solução x*=(L+c)/2
de (IV), Max x (L+b+c-2x)/2, com solução
x*=(L+b+c)/4
Para identificarmos os problemas que fazem sentido, faremos
hipóteses sobre a interrelação entre
L, b e
c. Pela simetria do problema com
relação aos tamanhos b
e c das paredes, vamos supor que
b > c para obter as expressões analíticas das soluções, e
observar que o caso b < c é obtido trocando-se
b com c e
x com y.
Dividiremos a análise em três possibilidades para a interrelação
entre L,
b e c:
b+c = L, b+c <
L e b+c > L.
(a) Vamos inicialmente supor que b + c = L.
Neste caso, os conjuntos factíveis de
(I) e (IV) se
reduzem ao ponto (b,c), que, juntamente com os conjuntos factíveis
de (II) e (III) fazem parte da figura a seguir:
Trabalhando com a função área A(x,y) = xy, nas duas variáveis x e y, exploraremos o aspecto bidimensional do problema (*) e analisaremos suas possíveis soluções, de acordo com os valores para b, c e L. O gráfico abaixo nos mostra algumas curvas de nível da função área A(x,y) = xy para x > 0, y > 0. São curvas do tipo xy = constante (correspondem a cortes na superfície gráfico z = xy para z = constante) e vemos o sentido de seu crescimento através dos valores desta constante especificados em cada curva.
Abaixo apresentamos alguns gráficos em que as curvas
de nível da função objetivo do problema
(*), A(x,y) = xy,
são visualizadas, juntamente com as restrições, para diferentes valores
para b e
c, de modo a ilustrar as possíveis soluções no
caso b+c = L: no
segmento verde (conjunto factível de (III)), no ponto (b, c) ou no segmento vermelho (conjunto factível
de (II)). A solução (x*, y*) é indicada pelo ponto preto.
De uma maneira geral, o conjunto de nível de uma função de várias
variáveis deve tangenciar o conjunto factível na solução do
problema. Neste caso, observando a geometria das curvas de nível da
função A(x,y) = xy,
visualizamos o ponto preto, que
pertence à curva de nível de maior valor possível sob a poligonal que
define o conjunto factível de (*).
Percebemos ainda as relações que devem ser satisfeitas para que a
solução esteja, respectivamente, no segmento verde, no vermelho, ou no ponto
(b,c). Estará no conjunto
factível de (III) sempre que a solução
x*=(L+c)/2 de Max x
(L+c-x)/2 pertença a esta região, isto é,
sempre que b >= (L+c)/2. Estará no conjunto factível de (II) se a
solução x*=(L+b)/4 de Max x (L+b-2x) pertencer a esta região, ou
seja, quando b <= (L+b)/4, e será
(b,c) caso
contrário.
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Vamos detalhar as implicações de
b >=
(L+c)/2,
b <= (L+b)/4, e da possibilidade restante quando
L=b+c.
De acordo com a análise feita acima para as soluções dos problemas
(I)-(IV) quando tiverem apenas a restrição de
igualdade, os pontos ((L+b)/4,(L+b)/2)) e ((L+c)/2,(L+c)/4)
são candidatos a soluções de (II) e
(III),
respectivamente.
Para que ((L+b)/4,(L+b)/2)) seja a solução do problema (*) quando b+c=L é preciso que
(L+b)/4 >=
b, ou seja, L+b >= 4b =>
L >= 3b
=>b <= L/3. Como L = b+c, se b <=
L/3 então
c >= 2L/3. Assim, na reta b+c =
L, se b <= L/3
e c >= 2L/3,
temos (x*,y*)= ((L+b)/4, (L+b)/2)). Agora, se b > L/3, o vértice
(b,c) da caixa
0<=x<=b, 0<=y<=c passa a ser a solução
ótima, até b atingir o valor
2L/3, quando a situação se
inverte, isto é, b e c trocam de papel, assim como
x e y, e a
solução ótima do problema (III) passa a atuar: (x*,y*)=((L+c)/2,(L+c)/4). Esquematicamente, no plano b-c, temos:
(b) Suponhamos agora que b+c<L. Algumas situações que ocorrem, para diferentes valores de b e c, podem ser visualizadas a seguir. A solução ótima em cada caso está indicada pelo ponto (x*, y*) em preto, no qual se verifica a relação de tangencia entre a curva de nível ótima de A(x,y)=xy e o conjunto factível de (*).
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Para sistematizarmos as diferentes possibilidades, vejamos
que a solução em (IV) ocorre se
(L+b+c)/4 > b,
ou seja, se L+b+c > 4b => L+c > 3b
=> c > 3b-L. Com a hipótese adicional, por
considerações de simetria, que b>c, temos 3b-L<c<b. Para
garantir que 3b-L>0 temos 3b>L, ou seja, b>L/3. Portanto, se
(b,c) ϵ [0,L/3]x[0,b] U[L/3,L/2]x[3b-L,b], então (x*, y*) =
((L+b+c)/4,
(L+b+c)/4).
Agora, se b > (L+b+c)/4, que é
equivalente a c < 3b-L, temos dois candidatos a solução:
o vértice (b, (L-b+c)/2) ou a
sol. em (III): ((L+c)/2,(L+c)/4)
Para optarmos por uma ou outra, vejamos que a primeira só ocorre se (L+c)/2 > b, isto é, se L+c >
2b. Portanto, para
b+c < L, c < 2b-L temos (x*, y*) = ((L+c)/2,(L+c)/4) e para
(b,c) ϵ[L/3,L/2]x[0,3b-L] U[L/2,2L/3]x[L-b,2b-L] temos (x*, y*) = (b,
(L-b+c)/2).
Pelas considerações de simetria do problema, podemos resumir as possíveis soluções no diagrama a seguir, no plano b-c:
(c) Suponhamos finalmente que b+c>L. Algumas situações que ocorrem, para diferentes valores de b e c, podem ser visualizadas a seguir. A solução ótima em cada caso está indicada pelo ponto (x*, y*) em preto, para o qual observamos a relação de tangencia entre a curva de nível ótima da função A(x,y)=xy e o conjunto factível de (*).
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A análise das várias possibilidades é feita da seguinte forma: para que a solução de (*) seja a solução de (I) é preciso que b > L/2 e c > L/2. Neste caso, (x*, y*) = (L/2, L/2). Como estamos supondo b>c, falta analisar a região 0<c<L/2, b>L-c. A solução será a do problema (III) sempre que (L+c)/2<L-c, ou seja, quando c < L/3: (x*, y*) = ((L+c)/2, (L+c)/4). Por fim, a solução estará na fronteira se L/3 < c < L/2, isto é, (x*, y*) = (L-c,c). Explorando a simetria do problema, esquematizamos a seguir, no plano b-c, as possíveis soluções no caso b+c>L.